Fortalecer o assoalho pélvico antes da gestação pode prevenir incontinência urinária

Apesar de causar grande desconforto e ser pouco falado entre as mulheres acima dos 40 anos, a perda involuntária da urina é mais comum do que se imagina. Segundo o estudo Brasil LUTS, 45,5% das mulheres têm incontinência urinária[1], que pode ser causada por diversos fatores, entre eles a idade e a gestação. A boa notícia é que a condição pode ser prevenida com um fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico – conjunto de músculos responsáveis por sustentar a bexiga, uretra e útero. Pensando nisso, o Dia Mundial da Incontinência Urinária, marcado em 14 de março, visa levar conhecimento sobre a condição, que apesar de afetar mais mulheres, também impacta a qualidade de vida dos homens especialmente depois dos 70 anos[2].

Experienciar escapes de urina ao tossir, espirrar, rir ou até se movimentar pode ser bastante desconfortável no dia a dia e não deve ser encarado como algo normal, independentemente da idade. Situações como essas podem indicar uma incontinência urinária por esforço, o tipo mais comum entre as mulheres, com 20,4% dos casos, aponta o estudo Brasil LUTS¹. Já a incontinência urinária por urgência, conhecida também como bexiga hiperativa, é caracterizada por uma vontade repentina de urinar e a incapacidade de conseguir controlar até chegar ao banheiro. Segundo o mesmo estudo, esse tipo afeta 14,9% das mulheres¹.

Vivenciar esses sintomas após a gestação é sinal de alerta. Isso porque durante a gravidez, os músculos do assoalho pélvico precisam sustentar o útero com o peso do bebê em formação. “Com o crescimento e encaixe do feto durante a gestação, o mecanismo de continência da mulher, bem como o esfíncter e a musculatura pélvica sofrem uma compressão, afetando a vascularização e a inervação da região e gerando lesão ou fraqueza da musculatura. Por isso, a gestação é considerada um fator de risco para incontinência urinária. Além disso, durante o parto vaginal pode haver uma lesão nas estruturas de continência e esfíncter, podendo gerar incontinência urinária no pós-parto”, explica Dr. Marcos Freire, urologista e gerente médico sênior de urologia na Astellas Farma Brasil.

Nesse sentido, a fisioterapia pélvica pode ser uma grande aliada como medida preventiva. “Nos casos de gestações planejadas é recomendado que a fisioterapia pélvica seja iniciada antes de engravidar e/ou durante a gestação. Dessa forma, o assoalho pélvico é fortalecido, ajudando a prevenir a incontinência urinária”, acrescenta Dr. Marcos.

Apesar de a gravidez ser uma das causas que podem levar as mulheres a terem incontinência urinária, obesidade e doenças que comprimem a bexiga também são fatores de risco, assim como a idade. A boa notícia é que tem tratamento. Hoje, existem diversos medicamentos com eficácia comprovada para casos de incontinência de urgência, especificamente. Em casos mais complexos, também é possível realizar procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, de baixo risco e rápida recuperação².

O grande desafio da condição é o diagnóstico. Segundo o Brasil LUTS, 60% dessas pessoas nunca procuram um médico para a investigação¹. “Falar sobre os sintomas do trato urinário, como a incontinência está no topo da lista dos tópicos que geram maior desconforto entre as pessoas, principalmente, entre as mulheres. Essa vergonha e estigma que gira em torno da condição pode retardar a procura por um urologista para que seja feito o diagnóstico correto. Por isso, é importante saber que a incontinência urinária pode ser tratada, a fim de melhorar qualidade de vida, autoestima e bem-estar”, complementa o urologista.

Incontinência urinária não é comum apenas entre as mulheres

A condição também é prevalente em 14,7% dos homens, segundo o estudo Brasil LUTS¹. Isso se deve, em muitos casos, pelo aumento da próstata, denominado de hiperplasia prostática benigna (HPB), uma alteração comum que afeta a maioria dos homens com o passar dos anos. Por comprimir a uretra, o distúrbio pode atrapalhar a passagem da urina, fazendo com que haja dificuldade miccional, com jato mais fraco, sensação de esvaziamento incompleto, urgência para urinar e incontinência urinária. Por isso, homens acima dos 40 anos também não devem ter vergonha de ir regularmente ao urologista.

O estudo Brasil LUTS foi o primeiro grande estudo de base populacional realizado para avaliar sintomas do trato urinário inferior (LUTS) no Brasil, que tinha como objetivo avaliar a prevalência e o incômodo das LUTS na população com mais de 40 anos em cinco grandes cidades do Brasil: São Paulo, Porto Alegre, Recife, Belém e Goiânia. Ao todo, 5.184 pessoas foram entrevistadas por telefone, no período de 1 de setembro a 31 de dezembro de 2015. Dentre os participantes, 53% eram mulheres e a faixa etária com maior número de respondentes foi entre 50 a 59 anos, representando 34%.

[1] Wiley Online Library. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/nau.23446. Acessado em 23 de fevereiro de 2022.

[2] Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) – Portal da Urologia. 6 perguntas sobre incontinência urinária. Disponível em: https://portaldaurologia.org.br/publico/faq/6-perguntas-sobre-incontinencia-urinaria/.

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