O debate entre vacinar ou não os filhos acontece há 20 anos, desde que um médico britânico publicou uma pesquisa preliminar em que levantou a possibilidade da relação entre a vacina MMR – que protege contra sarampo, rubéola e caxumba – e o autismo, que ele realizou em 11 crianças estudadas.
Em nosso Cursos para Gestantes, que acontece mensalmente, o pediatra Thiago Caldi alerta sobre a importância da vacinação. Durante a realização da turma de julho, o Dr. Thiago falou sobre a polêmica envolvendo o Dr. Andrew Wakefield, autor da pesquisa.
Na época, diversas pequisas científicas foram realizadas no intuito de confirmar tal afirmação, mas o que comprovou-se foi justamente o contrário: as vacinas não provocam o autismo. Ficou constatado que o estudo apresentado pelo Dr. Andrew Wakefield apresentada sérios problemas de metodologia. Em tribunal, foi provado também que o autor tinha conflitos de interesse. O Dr. Wakefield reconheceu que o estudo levantava apenas uma hipótese de que as vacinas poderiam causar problemas gastrointestinais, que levariam a uma inflamação no cérebro e, talvez, ao autismo. O médico foi culpado de má conduta ética, médica e científica por publicar um estudo sem fundamentação científica.
Entretanto, as consequências de tal estudo perduram até hoje, e algumas doenças graves que foram erradicadas no País há anos voltaram a afetar a população recentemente em vários estados brasileiros, como Amazonas, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, que já confirmaram casos de sarampo, por exemplo.
Segundo a dra. Rosana Richtmann, infectologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, as vacinas desempenham um papel fundamental na proteção contra doenças como o sarampo e não existe nada mais eficaz em saúde pública do que imunização. “A vacinação é a forma mais eficaz de se prevenir o sarampo e outras doenças. Quanto mais pessoas imunizadas, menor a chance de termos pessoas doentes. É uma questão de responsabilidade social. Quando você se vacina, você protege todos ao seu redor”, conta a especialista.
Em relação ao sarampo, a profissional ressalta que era uma doença erradicada e que, até o ano 2000, não existia mais casos no Brasil. “É um vírus de fácil transmissão e que gera diversas complicações. As bolinhas vermelhas só aparecem dias depois da doença adquirida e a patologia começa com tosse, febre, conjuntivite, coriza, entre outros sintomas. As pessoas imaginam que é uma doença leve, mas ela pode levar a sequelas muito sérias. Entre elas estão diarreia, infecção nos ouvidos, vômito, hemorragia, convulsões, hepatite, pneumonia bacteriana secundária e até sequelas neurológicas”, explica infectologista.
Para as gestantes, a patologia, caso não tratada, pode envolver aborto no 1º trimestre de gestação e risco de parto prematuro. “Isso sem falar em infecção no sistema nervoso e em problemas respiratórios. Infelizmente, a mãe não pode tomar vacina durante a gestação, pois pode desencadear graves complicações. O ideal é que ela tenha se vacinado antes da gravidez. Caso contrário, deve evitar contato com pessoas em locais fechados e, principalmente, com pessoas contaminadas”, ressalta.
A vacina que protege contra o sarampo é a tríplice viral, que também imuniza contra caxumba e rubéola. A pessoa deve ter tomado duas doses com intervalo mínimo de um mês, desde que a primeira tenha sido adquirida depois de um ano de vida. “As duas doses no primeiro ano do bebê protegem a criança para o resto da vida. Porém, quem não sabe se tomou a vacina, pode tomar novamente, sem problemas. O importante é a imunização”, afirma a dra. Rosana.
A coqueluche e a poliomielite são outras duas doenças que estão preocupando os profissionais de saúde. No caso da coqueluche, a dra. Rosana afirma que houve um aumento no número de casos devido ao melhor diagnóstico que é feito atualmente pelo setor. “Apesar de ser uma doença que não foi erradicada, ela merece atenção. A vacina que protege desta patologia é a tríplice bacteriana (DTP), que também imuniza contra difteria e tétano e são oferecidas gratuitamente a partir de dois meses de idade do bebê. Ela é tão importante que está indicada para as grávidas a partir de 20 semanas de gestação, com o intuito também de prevenir a doença no feto”, reforça a especialista, que afirma ser essencial realizar um reforço da vacina a cada dez anos.
Já a poliomelite está erradicada em toda a região das Américas há mais de 20 anos. O último caso no Brasil foi em 1989. Porém, por conta dos baixos índices de imunização, a doença pode voltar a afetar os brasileiros. “Esta doença é grave, causada por um vírus que vive no intestino e pode afetar o sistema nervoso, levando à paralisia. A vacina contra essa doença deve começar por volta dos dois meses de vida, com mais duas doses aos quatro e seis meses, e reforços entre 15 meses e aos cinco anos de idade”, afirma a infectologista.
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