Quem nunca se perguntou: qual o medicamento para tratar o Autismo? Talvez a pergunta não seja a pergunta correta, porque não há descrito na literatura nenhum medicamento para tratar o autismo. Mas então, por que muitas crianças dentro do espectro, usam medicamentos? Isso é o que o Dr. Marcone Oliveira, Neuropediatra infantil, vai nos explicar: “Isso acontece porque pessoas com autismo tem chance maior de apresentar outros transtornos que precisam ser tratados. A estes transtornos chamamos de comorbidades e aí, sim, vem a pergunta correta: Dr., então quais as comorbidades das crianças com autismo que podem ser tratadas com medicamento? E eu diria que, sem dúvida, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositor Desafiador (TOD), Epilepsia, entre outros, só para citar alguns“.
Dr. Marcone explica que até 70% dos autistas podem apresentar alguma comorbidade. De uma forma geral, o termo comorbidade refere-se a chance de uma pessoa ter um segundo transtorno, quando já apresenta um outro transtorno de base.
Existem várias comorbidades que os médicos e terapeutas, que atendem estes pacientes, precisam ficar atentos, pois muitos destes podem ser tratados com objetivo de melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida dos autistas.
“A primeira comorbidade que devemos ficar atentos” – continua o Dr. Marcone – “é o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, este acomete até 45% dos autistas e tem se observado diminuição destes números, talvez pela utilização de novas metodologias de avaliação ou pela ampliação do diagnóstico de autismo leve em que este tem uma boa eficiência intelectual. Cabe ressaltar aqui a importância do diagnóstico e da avaliação genética nos casos de autismo e deficiência intelectual.”
O grande problema é que os dois transtornos apresentam vários sinais e sintomas que se sobrepõem, incluindo alterações comportamentais, de linguagem e dificuldades sociais. Neste caso, faz-se necessário uma observação cautelosa.
Um transtorno que acomete até 20% das crianças com autismo é a Epilepsia, e este diagnóstico nem sempre é fácil, pois estes pacientes podem apresentar comportamentos estereotipados e paradas comportamentais que confundem com alguns tipos de crise.
Dr. Marcone também ressalta o TOD – Transtorno Opositor Desafiador – como uma outra comorbidade de difícil diagnostico. “Recomendamos uma postura conservadora quando estamos diante de uma criança com autismo em que aparecem comportamentos como a desobediência, os desafios e os comportamentos opositores, pois estes sintomas podem ser parte de um construto que se inclui no TEA.“
Devemos também nos lembrar dos distúrbios do sono, da ansiedade, da depressão, do TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo -, do Transtorno do Movimento Estereotipado e das dificuldades alimentares.
Para finalizar, o Dr Marcone, ressalta que as comorbidades são mais regra do que exceções e muitas vezes não são identificadas e adequadamente tratadas, por isso a importância de discutir essas possibilidades com seu médico de confiança.
Crédito:
Dr. Marcone Oliveira é Médico Pediatra, com especialização em Neurologia Infantil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Possui também Graduação em Farmácia pela Universidade Vale do Rio Doce; é Mestre em Ciências Fonoaudiológicas pela UFMG e é Membro do Departamento Científico de Neuropediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Atualmente é Diretor Clínico da Clínica Proevoluir – Médico Neuropediatra.
É Pai do Augusto e da Olga.
Site: https://drmarcone.com.br
Instagram: @doutormarcone