A mãe não está cansada de ser mãe, ela está apenas cansada!

Qual mãe nunca escutou de alguém frases do tipo “mas você não queria ser mãe?” quando comentou que estava cansada por algum motivo?

Parece que na nossa sociedade o cansaço da mãe é invalidado, como se fosse algo que ela precisasse passar sem queixas porque faz parte da maternidade.

Mas essa mulher não está cansada de ser mãe, ela está apenas precisando de ajuda.

A mulher muitas vezes tem jornada tripla (casa, trabalho, filhos), com inúmeras demandas, e fica sem tempo para cuidar de si.

O que vemos como resultado dessa cobrança são mulheres exaustas, adoecidas emocionalmente e sem apoio. A sobrecarga é uma realidade de muitas mulheres, especialmente entre as mães.

Hoje os casos de mulheres sofrendo com Burnout Materno devido a sobrecarga de atividades têm aumentado, especialmente após o período de isolamento social devido a pandemia do Covid-19, onde elas ficaram em casa com os filhos, tendo que trabalhar em home-office, e gerenciar a rotina da família – geralmente fazendo tudo isso ao mesmo tempo.

Por que a sobrecarga acontece?

Meninas são ensinadas desde cedo a cuidar da família, ajudando nas tarefas domésticas e nos cuidados com os irmãos, por exemplo. Quando essa mulher cresce e forma sua própria família, tem a crença de que é responsável por dar conta de tudo referente aos cuidados e necessidade da sua família.

Ela quem fica, na maioria dos casos, responsável pela limpeza da casa, pelas compras no mercado, do preparo da alimentação, de acordar no meio da noite para trocar e amamentar o bebê, das consultas com médicos e vacinação dos filhos, das atividades e rendimento escolar.

O parceiro muitas vezes fica como se fosse um ajudante, que faz alguma atividade quando possível. Não participa ativamente da sua responsabilidade com o lar e com a família.

E ainda tem a vida profissional dessa mulher, com demandas, prazos e cobranças próprias.

Como amenizar a sobrecarga?

Primeiramente, a mulher precisa entender que não é possível dar conta de tudo e ao mesmo tempo. Que pode pedir ajuda e que isso não a diminui como mulher e ou a torna menos mãe.

Algumas práticas na rotina podem ser ajustadas, como:

– Conversar com o parceiro sobre dividir as tarefas domésticas e as responsabilidades com os filhos.

– Verificar a possibilidade de criar uma rede de apoio com pessoas próximas e de sua confiança. Essa rede pode também ser composta por profissionais pagos, como uma diarista para auxiliar com a limpeza da casa, por exemplo.

– Aprender a priorizar as atividades e fazer o que é possível. Se existe algo de mais urgência, essa deve ser a prioridade. Avaliar se as que são menos imediatas podem ser delegadas a alguém ou deixadas para outro momento.

– Ter momentos para autocuidado durante o dia. Seja conseguir tomar um banho demorado, ir ao salão, tomar um café com uma amiga. Esses momentos para cuidar de si são necessários e importantes, para que essa mulher consiga se reconectar com ela mesma como mulher, não apenas como mãe.

Quando buscar ajuda profissional?

Assim que a mulher ou alguém próximo a ela perceber que existe prejuízo para seu funcionamento e na realização de atividades rotineiras, já seria bom indicativo que está na hora de buscar ajuda de um psicólogo, para evitar que esse quadro se agrave e cause maiores adoecimentos emocionais a essa mulher.

Caso já exista um quadro de Burnout Materno instalado, essa mulher vai apresentar sintomas como cansaço intenso, exaustão para desempenhar qualquer atividade que envolva o papel materno, maior irritação, sentimentos de culpa, desgaste emocional significativo com o surgimento de novas tarefas e atividades, autocrítica e auto cobrança intensas, podendo também ter a presença de pensamentos suicidas.

Nesses casos, é fundamental buscar acompanhamento com um psicólogo para melhor avaliação do caso.

Pequenos avanços

Uma coisa positiva é que cada vez mais homens estão tomando consciência da importância do seu desempenho ativo como parceiros e de suas responsabilidades como pai.

Com isso, a tendência é que a sobrecarga das mulheres, especialmente das mães, diminua.

Claro que ainda temos um longo caminho a percorrer como sociedade para que isso aconteça, começando pela forma como educamos nossas crianças e para como olhamos para essas mães cansadas. Elas precisam de acolhimento, precisam ser vistas e ouvidas com empatia, precisam se sentir seguras para pedir ajuda, sem receio de serem criticadas ou julgadas por isso.

Thacila Carneiro Bianco
Thacila Carneiro Bianco Psicóloga Clínica e Perinatal/Obstétrica - CRP 06/98539 Graduação em Psicologia pela Universidade Guarulhos (2009) Aprimoramento em Psicologia da Maternidade pelo Hospital São Luiz Itaim (2012) Pós-graduada em Psicopatologia e Dependência Química pela UniSãoPaulo (2020) Curso de Aprofundamento em Atenção Psicológica na Perinatalidade, Instituto Mater Online (2020) Curso de Aprofundamento em Luto Pós-Parto, Escola de Profissionais da Parentalidade (2020) Curso de Aprofundamento em Tecelagem do Vínculo - da gestação aos dois anos. Maria Tereza Maldonado (2020) Curso de Aprofundamento em Depressão na Gestação e Pós-Parto, Cuidando de Mamães (2022) Curso de Aprofundamento em Psicopatologias na Gestação e Puerpério, Cuidando de Mamães (2022) Curso de Capacitação em Saúde Mental Perinatal, Cuidando de Mamães (2022) Orientação teórica em Terapia Cognitivo Comportamental Realiza psicoterapia para mulheres, acompanhamento psicológico para mulheres que querem engravidar, acompanhamento psicológico e de Pré-Natal Psicológico para gestantes, acompanhamento psicológico para puérperas, acompanhamento psicológico em casos de Luto Perinatal.

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