Gravidez aumenta a pressão sobre as veias e pode causar insuficiência venosa; especialista explica como prevenir complicações e preservar a boa circulação durante o período gestacional
A gestação é um período de intensas transformações hormonais e circulatórias no corpo feminino. O aumento do volume sanguíneo, que pode chegar a 50%, e a compressão do útero sobre as veias pélvicas elevam a pressão nas pernas e favorecem o surgimento de varizes. Segundo diretrizes internacionais da Sociedade Internacional de Cirurgia Vascular e estudos clínicos com gestantes, cerca de 40% a 70% das mulheres desenvolvem algum grau de insuficiência venosa durante a gravidez, especialmente a partir do segundo trimestre.
A cirurgiã vascular Dra. Camila Kill, mestre em cirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e CEO da rede de clínicas Vascularte, explica que as alterações hormonais também contribuem para o problema. “A progesterona, que é fundamental para manter a gestação, relaxa as paredes das veias, reduzindo o tônus vascular. Quando isso se soma ao aumento do peso e à compressão uterina, o retorno venoso fica prejudicado e as varizes tendem a surgir ou piorar”, explica.
Sinais de alerta na gestação
Entre os sintomas mais comuns estão dor, inchaço no fim do dia, sensação de peso nas pernas, câimbras noturnas, queimação e escurecimento da pele. Em casos mais avançados, as veias podem ficar dilatadas e visíveis. “Nem todo desconforto é passageiro. Algumas varizes podem persistir após o parto e, se não forem acompanhadas, evoluir para complicações como trombose venosa profunda”, alerta a médica.
A especialista reforça que mulheres com histórico familiar de varizes, excesso de peso ou gestações múltiplas devem redobrar a atenção. “A herança genética e o aumento da pressão abdominal são fatores que se somam. O ideal é que a avaliação vascular esteja presente no pré-natal, principalmente a partir do segundo trimestre”, acrescenta.
Cuidados no pré-natal
Durante a gravidez, o tratamento é conservador e voltado à prevenção de sintomas. O uso de meias de compressão de grau médico, caminhadas leves, hidratação adequada e pausas para elevar as pernas são medidas recomendadas. A drenagem linfática manual, quando realizada por profissional habilitado, também pode aliviar o inchaço.
“O objetivo é garantir conforto e segurança à gestante. Evitamos procedimentos estéticos ou cirúrgicos nesse período, mas podemos controlar os sintomas e prevenir complicações. Após o parto e o período de amamentação, avaliamos o tratamento definitivo, que pode incluir técnicas minimamente invasivas como o endolaser”, orienta Camila.
Pós-parto e risco de trombose
Mesmo após o nascimento do bebê, o cuidado deve continuar. O risco de trombose venosa profunda é mais alto nas primeiras seis semanas do pós-parto e pode permanecer elevado por até 12 semanas, segundo estudos internacionais. “Nesse período, manter a hidratação, a mobilidade e o uso das meias de compressão, quando indicadas, é essencial para evitar complicações”, reforça a médica.
A retomada das atividades físicas deve ocorrer de forma gradual e sempre com liberação do obstetra. “O corpo ainda está se reorganizando. Uma rotina leve de caminhadas, associada à boa alimentação e acompanhamento vascular, ajuda na recuperação e na prevenção de novos episódios”, recomenda.
Camila conclui que o cuidado vascular deve ser visto como parte da saúde integral da mulher. “As varizes não são apenas uma questão estética. Elas refletem o funcionamento da circulação e merecem atenção em todas as fases da vida, especialmente durante a gestação”, finaliza.
Sobre a Dra. Camila Kill
Dra. Camila Kill é médica cirurgiã vascular que, desde o início da carreira, dedica-se exclusivamente ao cuidado de pacientes com varizes. É mestre em cirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
É CEO e fundadora da Lumivie Clinique, clínica especializada em cirurgia plástica e estética localizada em Pelotas (RS), e também da franquia Vascularte, voltada para tratamentos de varizes 100% ambulatoriais e sem cirurgia, com três unidades em funcionamento no Brasil e expansão prevista para 2025.
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