8 de março: câncer de mama e de colo de útero e a mortalidade materna

Celebrado no dia 8, o Dia Internacional da Mulher é um momento de conscientização em relação à luta das mulheres para viver com saúde, dignidade, liberdade e com direito às próprias escolhas em suas vidas.

Entre as grandes lutas enfrentadas pelas mulheres está a do direito à saúde. Entre os principais pontos de alerta está à prevenção do câncer de mama e de útero e os cuidados com a maternidade. A ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Luana Ariadne Ferreira, destaca que apesar do crescente acesso à informação ainda há muitas dúvidas e muitos desafios em relação ao cuidado da saúde das mulheres. “Apesar de serem inúmeras as doenças que afetam as mulheres, merecem uma atenção em especial os cânceres de mama e de colo de útero. Isso porque eles afetam primordialmente as mulheres de forma sorrateira, sem grandes sinais no início e com grandes problemas ao decorrer do desenvolvimento do tumor”, afirma ela.

O câncer de mama contou com 66 mil novos casos no Brasil em 2023 e ocorre, segundo Luana, devido o escanteamento da saúde em detrimento dos cuidados com a casa, trabalho e família. “Muitas mulheres proveem financeiramente seus lares e ainda cuidam de filhos e maridos, deixando os cuidados com a saúde em segundo plano. É preciso, no caso do câncer de mama, realizar medidas periódicas de prevenção, com a realização de exame de toque por profissionais especializadas (os) e, se necessário, a realização de uma ultrassonografia”, ressalta a médica. Ela alerta que, caso o câncer seja detectado de maneira precoce, é possível se submeter a um procedimento de mastectomia ou quadrantectomia, com retirada do tumor exclusivamente. Em alguns casos pode ser necessária a remoção parcial ou total da mama.

Já o câncer de útero é o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres e também demanda, segundo a ginecologista, avaliação médica regular com a realização de exames Papanicolau ao menos uma vez ao ano para mulheres entre 25 e 65 anos, conforme recomendado pelo SUS. “A realização de um tratamento precoce é essencial para aumentar as chances de cura. Após a identificação, a paciente é submetida a procedimentos como traquelectomia (procedimento cirúrgico que consiste na ressecção do colo do útero), cirurgia de alta frequência ou conização, que visam localizar e remover a lesão, além de verificar outras doenças agressivas e trata-las da melhor maneira”, destaca.

Outro ponto de alerta em relação à saúde feminina diz respeito à mortalidade materna, doença classificada pela ONU como a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação por conta de causas relacionadas ou agravadas pela gravidez.

A ONU estima que aproximadamente 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas ao parto ou à gravidez no mundo todos os dias e que 99% delas ocorrem em países em desenvolvimento. Segundo o SUS, entre 1996 e 2018, o Brasil registrou mais de 39 mil óbitos maternos. “Esse indicador crítico da qualidade de vida atinge, principalmente, mulheres de baixo poder econômico, com baixa escolaridade, adolescentes e aquelas que residem em áreas rurais ou de difícil acesso aos serviços de saúde, evidenciando desigualdades sociais”, enaltece a médica.

Estão entre os fatores de risco a hipertensão, especialmente com as condições de pré-eclâmpsia e eclampsia, a obesidade e as doenças crônicas agravadas durante a gestação.

“Essas complicações afetam desproporcionalmente mulheres negras e indígenas. Além disso, abortos inseguros, complicações no parto, hemorragias graves e infecções pós-parto também contribuem para esse cenário preocupante”, alerta.

A médica do Hospital Edmundo Vasconcelos destaca que para reverter esse quadro é fundamental que haja a melhoria do sistema de saúde, com leitos adequados e acompanhamento eficiente das gestantes, atenção pré-natal e puerperal e um acolhimento da mulher desde o início da gravidez para acompanhar e tratar das causas de mortalidade materna e fetal. 

“Não há mais espaço para suposições quando se trata da saúde da mulher. Consultar um ginecologista representa a escolha pela certeza de um acompanhamento adequado, visando a prevenção e tratamento de potenciais problemas de saúde”, finaliza.

Somos Mãeshttps://somosmaes.com.br/
A Somos Mães é uma ONG e uma empresa do setor 2,5 que nasceu em agosto de 2014. Com o objetivo de informar e acolher, produz conteúdo que impacta diariamente mais de 300 mil pessoas. Tem dois projetos incentivados pela Lei Rouanet.

Leia mais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Siga nossas redes

220,125FãsCurtir
65,000SeguidoresSeguir
345InscritosInscrever
spot_img

Últimos posts

error: Content is protected !!