Do nascimento até os três anos de idade o bebê vai estruturando seu alicerce motor, e, a principal conquista é quando começa a desenvolver o equilíbrio e autonomia para deslocar.
Logo, o equilíbrio e coordenação são as capacidades que o indivíduo tem de se organizar bimanual e bipedal, estando tanto em equilíbrio estático*, como em equilíbrio dinâmico*, proporcionando movimentos harmoniosos, precisos, refinados e específicos. Para uma adequada sustentação do corpo tem que haver uma combinação adequada de ações musculares, tanto em movimento, como parado. Nessa fase, a criança é estimulada a usar e conhecer seu corpo, controlando todas as funções e gestos corporais.
*Equilíbrio estático: coordenação necessária para manter a postura. Ex: Manter-se sentado corretamente.
*Equilíbrio dinâmico: regulação da postura em determinado movimento. Ex: caminhar sobre uma prancha
O processo de aquisição da segurança da criança ao ficar em pé requer atenção seletiva, fator crucial para haver aprendizagem, sendo assim, é importante observar alguns fatores:
– Até o 4º mês: devido a posição fisiológica cifótica da coluna é impossível ao bebê sentar-se. O equilíbrio é ainda precário e ele cai com frequência lateralmente, pois sua musculatura também precisa ser estimulada e preparada para tal aquisição. E todo esse processo será gradual e a partir dos 6 meses deve ser um pouco estimulado.
– 8º mês: a posição sentado deve estar dominada. Alguns autores, por sua vez, fixam que aos 8 meses o bebê começa a aquisição da bipedia. Esta posição tem problemas de ordem afetiva, pois a ansiedade dos pais, forçam repetidamente a posição, provocando muitas vezes, os atrasos da evolução motora. As pernas, que mal suportam o peso do corpo, tem tendência para a flexão, provocando, por isso, inúmeros problemas de atitudes. Portanto, o bebê sempre deve ser estimulado, mas não forçado a corresponder tal habilidade. E ele mesmo vai buscando formas de ser deslocar no seu devido tempo, que é individual.
– Dos 9º mês ao 12º mês: a criança normalmente se mantém de pé com apoio. E, gradualmente, passa a engatinhar com desenvoltura e coordenação, a deslocar lateralmente, a permanecer em pé por alguns segundos, até ir adquirindo firmeza para dar os primeiros passos.
– Do 12º ao 15º mês: a criança começa a andar sozinha, ainda de forma desorganizada. A coordenação da marcha vai se estruturando através de circuitos e outros exercícios motores, fazendo com que a criança reviva de forma mais complexa toda as habilidades anteriores já adquiridas.
– 24º mês: a criança passa a estruturar a marcha e a corrida, caracterizadas pela alternância de movimentos pendulares dos braços.
– Já a coordenação das mãos aparece como instrumento principal da conquista do mundo exterior. A utilização da mão em função da significação do movimento, está filiada ao pensamento.
– A coordenação da visão é mais precoce do que a dos membros superiores: primeiro a visão segue a mão, depois domina-a. Ex: antes de aprender a pegar objetos, a criança acompanha ele pelo olhar.
Sugestões de brincadeiras que auxiliam o desenvolvimento do equilíbrio: rolar, rastejar, engatinhar, andar, pular, correr, andar em uma ponta estreita e larga, saltar, empilhar objetos, derrubar e encaixar objetos, brincar com corda, subir, montar circuitos com obstáculos para subir e descer, colocar o bebê em cima do rolo, rampa e bola e movimentá-lo por todos os lados, agachar-se, permanecer de quatro parado, agarrar bolas em concha ou garra, enfiagens, etc.
As atividades da vida diária (A.V.D), como abotoar e desabotoar, zíper, colchetes, cintos, amarrar laços e nós, pentear-se, escovar os dentes, calçar meias e sapatos, têm que ser incentivadas e estimuladas sempre. São importantes trabalhos manuais, pois a criança ganha não só habilidade motriz nas mãos e visão, como também aprende a ser independente e autônoma. Logo, aos poucos dependerá menos dos pais ou cuidadores e aprenderá a organizar sozinha as funções de seu corpo consigo mesmo e o ambiente.
A dificuldade da criança em permanecer com controle de equilíbrio estático ou em movimento (parado ou andando) durante os exercícios pode gerar o desenvolvimento da coordenação e equilíbrio da marcha desarmônica e deselegante ou até mesmo perturbada. Com isso, pode aparecer desorganizações têmporo-espaciais e de lateralidade, dificuldade em permanecer 30 segundos em equilíbrio estático (parado – persistência motora). E só é considerado disfunção de Equilíbrio após os 5 anos, quando a criança já estruturou seu alicerce básico psicomotor.
Vale ressaltar que, tais disfunções só será ocasionada caso a estimulação não for adequada ou ineficiente, tudo dependerá do processo de estimulação e desenvolvimento da criança no decorrer da vida, principalmente a sua vivência motora na primeira infância. Ex: Se uma criança deixou de engatinhar quando bebê e é estimulada nas fases seguintes, pode ser que evite ou não apresente tais distúrbios de equilíbrio ou até mesmo venha a tratar tal disfunção. Quanto mais a criança experimenta e vivencia seu corpo mais alicerce motor terá para executar as funções de seu corpo.
Portanto, é fundamental que a criança tenha uma boa estrutura muscular para conseguir obter o controle da postura e desenvolver adequadamente o seu equilíbrio, pois assim, conseguimos explorar todas as capacidades e potencialidades de movimento do corpo da criança.