Já há algum tempo venho insistindo que é importante realizar medidas do colo do útero da mulher grávida durante o pré-natal. Trabalho recente realizado na UNICAMP pelo Cecatti J.G e colaboradores teve esse objetivo. O trabalho consistiu em elaborar curvas de referências para obter medidas ultrassonográficas do colo uterino durante a gestação para, assim, tentar predizer complicações obstétricas.
Foi usado como base de pesquisa gestantes de baixo risco, que foram submetidas a ultrassom transvaginal durante o pré-natal a cada 4 semanas, com intenção de mensurar o colo do útero e suas variações. Na pesquisa foram acompanhadas 172 mulheres.
O resultado demonstrou uma redução no comprimento cervical com o decorrer da gestação, sugerindo encurtamento fisiológico em mais 50% dos casos. No trabalho não houve nenhum parto prematuro, o que sugere que as modificações do colo do útero não são obrigatoriamente sinal de complicação. Lembro que não foram pesquisadas mulheres com complicação clínica, miomas, partos prematuros anteriores e múltiplos (entre outros critérios). Um gama grande de autores admite que colos uterinos menores de 25mm merecem especial atenção no pré-natal. O menor comprimento cervical foi associado a menor idade materna, menor paridade, e ausência de cesárea prévia. Em caso de colos curtos outros dados ultrassonográficos devem ser avaliados e medidas preventivas discutidas individualmente.
O principal ponto é demonstrar que o colo diminui fisiologicamente e deve ser um foco do obstetra para uma melhor predição de risco de parto pré-termo, insuficiência cervical, e amniorrexe prematura.
Fonte: Reference Ranges for Ultrasonographic Measurements of the Uterine Cervix in Low-Risk Pregnant Women. Cecatti, J.G. et al. Rev Bras Ginecol Obstet 2017;39:443–452