E… Eu me vi ali sentada, reavaliando a vida. Sim, “reavaliando” porque o que vivi até aqui, capacitava-me a reavaliar, repensar minha vida.
Tinha enfrentado a notícia de que para engravidar teria que ser com tratamento em especialista.
Fiz o tratamento… Duas inseminações. Fui tentante e sei a angústia que é isso. Como sei…
Fui também a tentante que deu certo para o tratamento, mas que perdeu os dois bebês. Fui aquela que ouviu o coração bater e depois não bater mais.
Eu fui a mãe da perda…
Fui aquela que rezou, que pediu muito a Deus. Que naquele momento ímpar de fragilidade entregou nas mãos Dele. E Ele me ouviu… Passados 14 dias de uma curetagem, para minha surpresa e de meu marido, estava de frente para um exame positivo de gravidez. Estava perplexa pelo tamanho da força e do amor de Deus por mim e pelo exame positivo em si.
Eu fui aquela que contou para família que estava mesmo grávida com quase 4 meses de gestação. Os amigos? Souberam quase quando eu estava na maternidade. Por quê? Receio de que tudo acontecesse novamente.
Eu fui a mãe que fez 39 ultrassons. Porque tinha medo de não ouvir o coração.
Eu fui a mãe que a ficha só caiu quando ele nasceu pela manhã e somente no fim do dia, sozinha com ele no quarto da maternidade, peguei-o do bercinho, coloquei na cama, tirei suas roupinhas, cheirei, olhei dedinho por dedinho e de joelhos, ali mesmo, sozinha, chorei a Deus porque ele nasceu vivo!
Eu fui a mãe que afastou do trabalho por 2 anos e meio porque ele era prioridade. Afastei pra rever a vida e era o momento.
Eu fui a mãe que decidiu a escola porque de tanta proteção estava atrapalhando o desenvolvimento dele. Ainda bem que houve essa percepção. Ainda bem!
Eu fui a mãe que quando o entregou na escola se perguntou: “E agora, quem é a Dayse?”
Dayse fez direito, foi advogada, foi concurseira. Fez tudo com dedicação, mas sabia que na verdade não era isso. Mas o que vinha a ser então?
E advieram adversidades.
Mais uma vez a mãos de Deus se fizeram presente.
Em conversa com um médico em uma consulta de rotina e falando sobre a vida, ele percebeu a minha aptidão para o mundo da maternidade e me questionou: Porque você não faz isso profissionalmente?
E…
Eu fui a profissional que mudou tudo, da água para o vinho. Eu e a coragem que Deus me deu. Tão somente!
Idealizei A Mamãe Nasceu Assessoria onde meu amadurecimento contava, minha aptidão, certificação e capacitação. Mas, mais ainda o amor que eu vi em tudo isso.
E quando tudo tomava forma, enquanto muitas mães me confidenciavam suas mais difíceis fragilidades…
Eu fui a mãe que perdeu a mãe!
Uma referência de mãe forte, batalhadora e extremamente amorosa. O amor que dou é o mesmo que eu recebi. Nada mais!
E eu pensei “que proposta é essa que Deus tem para mim? Afinal, quando eu me descubro ajudando tantas mães eu fico sem a minha?!”
Sim. Estava sem ela. Ela se foi. Estava sem a presença física dela, mas não sem o seu amor, seu imenso amor por mim! Era como se todo aquele amor tivesse se materializado em mim.
Então eu me vi forte novamente. Retomei meus projetos e vi que, na verdade, eu SOU a mãe que precisou viver todas essas experiências dolorosas pra saber ouvir as angústias, ansiedades, tristezas, alegrias. Todas as acepções de sentimentos e, então, olhar nos olhos de outras mães e, de forma resiliente, ajudá-las.
Eu sou Dayse, a Mãe do Henri – um presente de Deus. Filha da Dona Maria Lúcia que com o semblante sério não demonstrava a realidade do seu enorme coração.
Eu sou.… como sou!