A amamentação, assim como todo o universo da maternidade, está permeada de mitos e verdades que deixam as mamães, principalmente as de primeira viagem, muito confusas. Por isso, a psicóloga e consultora em aleitamento materno Paloma Vilhena desvendou alguns desses mistérios.
– Mamilos invertidos impossibilitam a amamentação.
Os mamilos invertidos podem dificultar um pouco a amamentação, mas é possível amamentar sim. Para fazer a pega correta o bebê deve abocanhar a auréola, e não o mamilo! Por esse motivo, nenhum tipo de mamilo impossibilita a amamentação e existem técnicas para superar as dificuldades.
– Canjica e cerveja aumentam estimulam a produção.
Não há nenhuma evidência científica sobre a canjica ou a cerveja, além de não ser indicado ingerir bebida alcoólica durante a amamentação. Em doses pequenas e esporádicas, o álcool é considerado compatível com a amamentação, mas quando é consumido de forma regular e em grande quantidade pode prejudicar o bebê. O que estimula a produção de leite é a amamentação em livre demanda: quanto mais o bebê mama, mais leite produz. Se há pouca produção de leite, é necessário verificar o que está acontecendo e se necessário contratar uma consultora de aleitamento.
– Estresse faz o leite secar.
Em situações de estresse o leite continua a ser produzido, mas sua saída é prejudicada. Quando a mulher está estressada, ansiosa, com medo ou insegurança, o seu corpo libera adrenalina que inibe a liberação da ocitocina e prejudica a saída do leite da mama momentaneamente. Se a mulher se tranquilizar e descansar, o leite voltará a sair. Por isso, é importante ter uma rede de apoio que garanta o bem-estar emocional da mãe.
– O tamanho do seio interfere na quantidade de leite.
Não! O leite é produzido conforme o estímulo do bebê. Sendo assim, o seio materno não é um reservatório e não precisa ser grande para caber mais leite.
– O leite materno pode não ser suficiente para nutrição do bebê.
O leite materno do ponto de vista nutricional tem tudo o que o bebê precisa nos primeiros meses de vida, não sendo necessário complementar com água, sucos ou nenhum tipo de alimento. Após os seis meses, começa a introdução alimentar, mas é indicado continuar amamentando.
– O tipo de parto interfere na amamentação.
Por ser uma cirurgia, a cesariana pode interferir na amamentação porque a mãe pode estar com dor e desconforto, e pode precisar de suporte e orientação da equipe médica para amamentar. Uma posição que ajuda é a posição invertida, para que o bebê não pressione os pontos da cesariana. Pode acontecer também da primeira mamada demorar mais por causa dos procedimentos hospitalares realizadas. É importante conversar com a equipe, fazer um plano de parto e deixar claro o que deseja em relação à amamentação e primeiros momentos com o bebê.
– Acelera a perda de peso da mãe.
É comum mulheres que emagrecem amamentando já que aumenta o gasto de energia. Mas para emagrecer, a energia gasta tem que ser maior do que as calorias ingeridas. Além disso, cada metabolismo age de modo diferente e existem mulheres que engordam durante a amamentação. Há uma pressão muito grande para que a puérpera emagreça o mais rápido possível e é um assunto que angustia muito as mulheres. A maioria das puérperas recupera o peso em cerca de 10 meses após o parto. Mas, além da alimentação equilibrada e do funcionamento particular de cada metabolismo, é preciso dormir bem, conseguir descansar e ter apoio da família para conseguir emagrecer. Nem sempre tudo isso é possível. Evite se comparar com outras mulheres e se fazer cobranças em relação a isso, o puerpério já tem muitas cobranças! Além disso, o corpo não voltará a ser exatamente como antes, assim como a forma de pensar e ver a vida, rotina e o relacionamento consigo e com os outros. Isso tudo não é necessariamente ruim, apenas diferente. Todas as fases da vida têm perdas e ganhos!
– Quem volta ao trabalho após a licença-maternidade precisa parar de amamentar.
Não! É possível continuar amamentando retirando e congelando o leite, tendo um cuidador(a) que ofereça o leite ao bebê nos períodos em que a mãe estiver no trabalho, e continuar amamentando nos períodos em que estiver em casa. Para isso:
– Saiba realizar a ordenha;
– Saiba como armazenar o leite de forma adequada para não perder os nutrientes. O recomendando é utilizar potes de vidro com tampa plástica esterilizados.
– Escolha um cuidador(a) em que confie. Pode ser alguém da família, amigos ou uma babá. Ensine para ele(a) como descongelar e oferecer o leite armazenado. Ajude o seu bebê a se acostumar com o novo cuidador(a) pelo menos duas semanas antes de retornar ao trabalho.
– Conheça os direitos da mãe lactante.
Nesse material preparado pela UNICEF é possível obter mais informações sobre a ordenha e armazenamento do leite, além da legislação para lactantes: https://uni.cf/2aubdlH
– Mamadeira interfere no aleitamento.
Sim, pode causar confusão de bicos. O movimento que o bebê faz ao sugar o seio e um bico artificial é muito diferente. De acordo com a UNICEF, um dos passos para o sucesso da amamentação é não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. Existem alternativas, como o copinho!