Dia 01 de abril fizemos um bate-papo com a psicóloga Maria Elisangela Nunes Carneiro para as mamães tirarem suas dúvidas sobre a maternidade e a criação dos filhos. Leia abaixo como foi.
Gostaria de saber quando o bebê começa a “desconfiar” que não é mais um único ser com a mãe. Existe algum estudo sobre isso?
Existem diversos estudos na área de psicologia a respeito. Logo que o bebê começa a perceber que ele e a mãe sã separados e, posteriormente, que a mãe tem outros interesses ou outros filhos, ele passa a aprender que existe um outro ser, o que é absolutamente saudável e recomendável para o bom desenvolvimento da criança. Um autor que publicou muitos livros sobre o assunto foi o pediatra e psicanalista inglês Winnicott.
Você acha adequado um bebê ir para a escolinha antes dessa fase? Com quanto tempo de vida ele começa a perceber essa separação?
Essa separação e individuação acontece de forma gradual desde o nascimento do bebê, mas é entre o oitavo e nono mês, aproximadamente, que percebemos no comportamento da criança o que chamamos de “ansiedade de separação”. O momento de ir a escolinha vai depender de muitos fatores relacionados a dupla mãe bebê, como está essa questão para a mãe, se estiver tudo bem não há contraindicação. Muito importante sempre conversar com o bebê sobre tudo o que está ocorrendo e as mudanças que estão por vir.
Como impor limites e horários em bebês sem me sentir culpada?
A culpa acompanha a mãe desde muito cedo, muitas vezes ainda durante a gestação. O limite é uma construção e necessário para que o bebê se desenvolva de forma saudável. Se a mãe pensar que o limite funciona como uma proteção e cuidado para seu bebê a culpa pode ser um pouco menor.
Castigar é o melhor método para impor esses limites?
O bebê ainda não tem maturidade para compreender o castigo. Acredito que com insistência, paciência e muito amor, o limite será introjetado aos poucos e trará melhores resultados.
E o método do cantinho da disciplina, tão famoso pelo programa da Super Nanny, quando posso usar? É o mais indicado?
Este método pode ser utilizado para crianças maiores, pode funcionar para umas e não para outras crianças. Os elogios e as conversas costumam ter um resultado mais positivo para crianças pequenas.
E quando a mãe tem que voltar ao trabalho no fim da licença maternidade? Como lidar com o conflito que é retomar a vida profissional e se afastar do seu bebê?
A volta ao trabalho é uma fase de muita ansiedade e dificuldade para a maioria das mães, a ambivalência também costuma estar presente, a mãe deseja retomar suas atividades e contatos mas gostaria de permanecer com o filho, quanto menor o bebê mais ligados podem estar. Se a mãe tiver a possibilidade de retomar algumas atividades aos poucos, pode ajudar bastante ficar curtos espaços de tempo longe do bebê. Poder falar sobre seus sentimentos com outras pessoas de confiança, dividir e não guardar somente para si contribuirá para a superação desta fase.
O que posso fazer para diminuir o ciúme do meu filho mais velho?
O ciúme é um sentimento muito comum com a chegada do irmão. É importante acolher os sentimentos do filho mais velho, ajudá-lo a nomear suas emoções facilita que a criança perceba que é olhado e querido. Convidá-lo a participar das atividades e contar para ele o que está acontecendo com o irmãozinho também contribui positivamente nesta fase.
Até que idade a criança é considerada bebê?
Podemos considerar até aproximadamente 1 ano e meio.
Você falou sobre conversar com outras pessoas sobre o que sentimos, mas muitas mães falam que têm medo de serem julgadas pelos outros, principalmente os mais próximos, como a avó, o marido ou pessoas da família. Como a mulher pode se impor e se proteger sem ficar deprimida ou esconder seus sentimentos?
Os julgamentos e os palpites estão muito presentes o tempo todo e é muito difícil para a mulher lidar com estas situações. Ter um “filtro” nem sempre é possível e, muito fragilizada, a mulher não consegue sustentar o que acredita. Participar de grupos ou buscar um profissional pode ajudar a mãe a se fortalecer perante suas escolhas. Importante ressaltar que cada dupla mãe-bebê funciona de uma forma diferenciada, as receitas prontas nem sempre ajudam e, muitas vezes, podem atrapalhar a intuição da mãe, ninguém conhece o bebê melhor que sua mãe.