Assumir o papel de ser mãe é uma das tarefas mais difíceis e mais gratificantes que a mulher pode exercer. Sou mãe de um adolescente de 14 anos e psicóloga de formação e pretendo nesta coluna, orientar e refletir sobre as dificuldades que as mães de primeira viagem sofrem ao longo da vivência de sua maternidade.
Vamos pensar no desenvolvimento dos nossos filhos. O ser humano, de forma geral, se desenvolve de forma bio + psico + social, ou seja, teremos desafios de ordem biológica (doenças e especificidades do crescimento), psicológica (formação da personalidade e desenvolvimento cognitivo) e o desenvolvimento social. A psicologia nos dá uma bagagem para refletirmos sobre os aspectos psicológicos e sociais e será nesta perspectiva que iremos seguir sempre passando referências à formação psicológica e social dos nossos pequenos.
Os estímulos que geram o desenvolvimento se iniciam na gestação e teremos, até o final da adolescência, o momento mais frutífero para crescimento psicológico e social. Iremos nos centrar nesta e nas próximas matérias sobre especificidades de cada uma das fases que a criança passará, até a adolescência.
A primeira fase do desenvolvimento emocional é conhecida na psicologia como fase oral, é o momento onde todo o universo simbólico da criança/bebê se dá pela oralidade, e a forma como a criança se comunica com o mundo é pela boca. Assim, quando ela está com fome chora, quando está com dor, chora, quando está suja, chora, dentre outras situações. A mãe tem a grande tarefa de aprender a decodificar as tonalidades do choro que a criança manifesta, ou seja, aprendemos a reconhecer o choro da fome, do sono, de manha e de dor. Nossos pequenos também sentem prazer na oralidade, pois quando está no peito da mãe, o bebê sente um enorme prazer e bem-estar, se sente protegido e amado. Uma autora chamada Melanie Klein descreve a importância para o desenvolvimento psicológico da criança, a mãe prover para o seu filho “um seio bom”, ou seja, seio bom é a qualidade afetiva que a mãe dispõe no ato da amamentação, que tem que ser prazeroso para a mãe e para o filho, com tranquilidade, carícias entre mãe e filho. A autora descreve que pessoas seguras e bem resolvidas emocionalmente vem de um “seio bom”, e obviamente há o contrário deste cenário. Não se preocupem as mães que não possuem leite ou possibilidade de amamentar, pois a afetividade pode estar presente mesmo usando a mamadeira. Temos ainda outras formas de satisfazer as necessidades orais, como a chupeta, a mamadeira (na ausência do leite materno) e os mordedores.
O que é importante lembrar é que o bebê vive em uma redoma de satisfações promovida pelos pais e familiares e que a fase oral tem que ser elaborada antes dos dois anos. Desta forma, mamadeiras, chupetas, mordedores e até mesmo o seio da mãe tem que ser substituídos gradativamente por outros utensílios e outros brinquedos sempre adequados para a sua faixa etária, para que a criança consiga ir para a próxima fase do desenvolvimento emocional com a idade cronológica compatível.
Mamães não devem sentir pena dos pequeninos quando precisarem retirar a mamadeira ou a chupeta, pois mesmo havendo um sofrimento por parte da criança, ela terá conseguido superar uma frustração e isso deixará seu emocional mais forte.
Paralelo a esse desenvolvimento vemos claramente o quanto o cognitivo da criança se desenvolve. O “cognitivo” se refere à capacidade que o cérebro da criança tem de aprender, e vemos nesta fase os pequeninos crescerem absurdamente, além de todo o processo de ganho de tônus muscular para ele poder andar, e falar. Percebemos, a cada dia, a conquista de certa autonomia.
Assim estimulem os pequenos com brinquedos coloridos, canções de ninar, toques corporais, massagens, brincadeiras, tentando evitar falar incorretamente com a criança e usar um excesso de diminutivos, que terão que ser abolidos depois, com certa.
Há ainda pesquisas que comprovam que a escuta de música clássica na gestação e nos primeiros meses do bebê, além de deixá-los mais calmos, estimulam o desenvolvimento de sua cognição.
Na próxima coluna, falarei sobre a próxima fase do desenvolvimento emocional dos nossos pequenos. Até!
Daniele Batagin
Graduada em psicologia e mestra pela PUCSP.
Atua em consultório próprio como psicóloga clínica em Campo Limpo Paulista, interior de São Paulo.
CRP 06/79756