A recomendação de muitas escolas é de que gêmeos não permaneçam na mesma turma, pois isso pode fazer com que o desenvolvimento seja prejudicado e a busca pela autonomia de cada um não aconteça. A preocupação é que essa aproximação, ainda na escola, invalide a ação do outro e, com isso, impeça o desenvolvimento da cognição social. No Colégio Franciscano Pio XII, instituição localizada no bairro do Morumbi, em São Paulo, a orientação é de que pais optem pela separação, preservando a individualidade da criança.
“Formar alunos autônomos é um dos objetivos da instituição escolar. É preciso fortalecê-los para que se constituam capazes de usar o senso crítico, contribuindo de modo positivo e construtivo na sociedade em que vivem. Este cuidado na educação e na formação do ser humano começa com as crianças ainda bem pequenas. Propomos situações em que as crianças são os protagonistas, em que elas serão questionadas sobre situações problema que as levem à reflexão a partir da troca de papéis, de informações pessoais e do seu jeito de pensar; logo, terem suas individualidades respeitadas e fortalecidas é fundamental”, explica Rosimeire Aparecida Vicente, orientadora educacional do Ensino Fundamental I do Colégio Franciscano Pio XII. Para ela, é importante que eles tenham um grupo de amigos, uma turma sua e uma professora diferente, no que diz respeito ao aspecto da individuação: “com a separação, é possível fortalecer seu desenvolvimento individual e a ampliação de amizades”.
Paula Neves Fava Bon, coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio, também acredita que cada criança deve desenvolver sua própria individualidade: “sempre conversamos com os pais para mostrar a importância dos gêmeos ficarem separados. Precisamos cultivar neles esta independência. Separados, eles criam vínculos com as crianças muito rapidamente e não há comparação com a questão de aprendizagem. Cada um deve ter seu tempo”, pondera.
Rosimeire diz que a parceria entre família e escola é fundamental para o fortalecimento emocional das crianças. A mesma linguagem usada tanto na escola como em casa reflete a segurança nas crianças. “É muito comum entre os gêmeos um dos irmãos querer cuidar, proteger e fazer as coisas pelo outro – uma ação de maternagem”, diz.
Aos pais, Paula recomenda que fiquem atentos na hora da lição de casa, para que um não faça pelo outro, ou responda pelo outro, para evitar a anulação entre eles: “é importante que as crianças caminhem sozinhas. Uma pode sobrepor a outra. Sozinha, ela descobre sua própria habilidade, sem interferência do irmão”.
A relação dos irmãos e a idade também influenciam na decisão de separá-los e que não há desvantagem em separar os gêmeos de turma, desde que o histórico seja respeitado. “Este ano, temos um caso que optamos por não separá-los. Os irmãos vieram de uma escola de educação infantil e estavam na mesma sala desde o berçário. Conversamos com os pais, analisamos a relação e optamos por mantê-los juntos. Porém, já estamos trabalhando para que no próximo ano eles sejam separados. A adaptação é fundamental na nova escola, portanto, a consideração por não separá-los foi bem cuidadosa”, explica Paula.
Texto: Communica Brasil