O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) é uma dificuldade neurobiológica que acomete 5% das crianças e 3% dos adultos, aparecendo na infância, antes da criança atingir os 12 anos de idade, e na maioria dos casos acaba acompanhando o indivíduo durante toda a sua vida. O TDAH possui causas genéticas e é caracterizado por sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção.
Por ser uma dificuldade crônica, o indivíduo poderá ter enormes prejuízos como: dificuldades na escola e na vida acadêmica, na área profissional, além de ter mais propensão à gravidez não-planejada, ao envolvimento em acidentes, e ao envolvimento com álcool e drogas. Além dos pais e cuidadores, os professores se veem diante de um enorme desafio ao encarar alunos em classe com TDAH. Mas afinal, como educar uma criança com TDAH?
“Não adianta pura e simplesmente cobrar mais de uma criança com TDAH! Infelizmente, no período de formação acadêmica, a faculdade não ensinou os futuros professores em como atender uma criança com TDAH. Sem dúvida essa é uma queixa de muitos terapeutas e de muitos professores, e eles realmente tem razão. Muitos desses profissionais não tiveram nem UMA aula sequer sobre o assunto. A Universidade não vai mandar um especialista para a sua sala, e o problema é que muitos deles não sabem nem ao menos identificar as fraquezas e forças destas crianças” – ressalta o Dr. Marcone Oliveira.
O governo federal sancionou a Lei 14.254/21 que passou a vigorar em 30 de novembro de 2021, obrigando o poder público a oferecer um programa de diagnóstico e tratamento precoce aos alunos da educação básica com dislexia, TDAH além de outros transtornos de aprendizagem.
As escolas, públicas e privadas, devem garantir acompanhamento específico aos alunos com dislexia, TDAH e outros transtornos.
“Uma das consequências de não tratar as crianças com TDAH, a curto médio e longo prazo, é o aumento da chance de drogadição. E aqui eu faço uma crítica à política de combate às drogas, com essas campanhas anuais em muitos municípios” – Diz o Dr. Marcone Oliveira.
O problema nessas políticas municipais de proteção ao uso de álcool e drogas, é que nunca há o tratamento para o TDAH. Outras consequências do TDAH, além da delinquência e do uso de álcool e drogas, é o abandono escolar, o insucesso acadêmico, as alterações comportamentais, os aparecimentos de outros transtornos como a ansiedade.
“Por isso acho importante a Lei federal que obriga as escolas a dar assistência integral à essas crianças. Tratar o TDAH é fazer a real prevenção da marginalidade, do uso de álcool e drogas e, por extensão, é prevenir comportamentos violentos” – adverte o Dr. Marcone Oliveira.
Em uma parceria entre profissionais da rede de ensino e profissionais da rede de saúde, esses alunos deverão ser atendidos segundo as suas necessidades. Intervenções Terapêuticas serão realizadas pelo serviço de saúde, quando necessárias, havendo metas de acompanhamento por uma equipe multidisciplinar. Os professores deverão ser capacitados para identificar precocemente os sinais de transtornos e aprendizagem e ao TDAH, segundo o que também determina a Lei.
“Para se ter sucesso com alunos com TDAH, eu recomendo que professores tenham aulas mais atrativas, isso ajudará no rendimento desses alunos. Estejam sempre por perto do seu aluno. Não foque apenas nas horas de aula, mas dê valor a todas essas horas. Transforme o seu aluno em um colaborador, faça dele o líder da turma. Estabeleça aulas curtas e com intervalos para conversas. Com essas atitudes, o professor estará ajudando esses alunos a serem as melhores provas e exemplos sociais; eles se tornarão os futuros médicos, professores, juízes…” – finaliza o Dr. Marcone Oliveira.
Crédito: Dr. Marcone Oliveira, médico pediatra, com especialização em Neurologia Infantil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Possui também Graduação em Farmácia pela Universidade Vale do Rio Doce; é Mestre em Ciências Fonoaudiológicas pela UFMG. Atualmente é Diretor Clínico da Clínica Proevoluir – Médico Neuropediatra. É Pai do Augusto e da Olga.
Instagram: @doutormarcone
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