As epidemias anuais ocorrem sazonalmente em todo o mundo, no Brasil com início no outono e picos no inverno, e devido à oscilação climática observamos seu início cada vez mais cedo.
Em São Paulo, já foi notificado um aumento no número de casos de bronquiolites no mês de março.
Bronquiolite viral aguda é uma inflamação dos brônquios e bronquíolos, que são os canais que conduzem o ar para os pulmões, e ocorre, principalmente, em bebês abaixo de 2 anos e, mais frequentemente, nos menores de 1 ano.
Causada pelos vírus respiratórios: como o vírus sincicial respiratório (VSR), metapneumovírus, rinovírus, adenovírus, parainfluenza e influenza. O mais frequente é o VSR. Esses vírus são os mesmos que causam resfriado nas crianças maiores e adultos. Quando eles ficam apenas nas vias aéreas superiores (nariz e garganta) os sintomas serão de resfriado: coriza, espirros, nariz entupido, garganta inflamada, febre e, as vezes, pouca tosse. Na bronquiolite, esses mesmos vírus descem para as vias aéreas inferiores, inflamando e fechando brônquios e bronquíolos e causando os sintomas da bronquiolite: chiado no peito, tosse e dificuldade para respirar, em graus variados – desde casos bem leves até casos graves, com necessidade de internação em unidade de terapia intensiva.
O pico dos sintomas costuma ocorrer entre 5 a 7 dias do início do quadro, e a recuperação completa geralmente se dá em 1 a 2 semanas, mas pode demorar até 4 semanas nos casos mais graves.
O diagnóstico da bronquiolite é clínico, ou seja, é realizado pelo pediatra, sem a necessidade de exames complementares.
Os principais fatores de risco para desenvolver bronquiolite são:
– Prematuridade;
– Baixo peso ao nascer;
– Idade inferior a 3 meses;
– Crianças com doença pulmonar, neurológica ou cardíaca prévia;
– Imunodeficiência;
– Fumo passivo;
– Frequentar berçário/escolinha;
– Ter irmãos mais velhos que frequentemente trazem infecções respiratórias para casa;
– Ambientes frios (o vírus costuma circular com mais facilidade no outono e no inverno).
O tratamento da bronquiolite é de suporte, já que não existe um remédio eficaz que combata o vírus. Deve-se manter a criança bem hidratada, alimentá-la com mais cuidado para evitar engasgos, fluidificar as secreções respiratórias através de inalações com soro fisiológico, além de lavar bem o nariz, também com soro fisiológico. Em casos onde haja insuficiência respiratória, a criança precisa ser internada para receber oxigênio e, às vezes, suporte ventilatório através de aparelhos.
O Palivizumab é um anticorpo monoclonal contra o VSR que evita as formas graves na população de alto risco (menores de 1 ano nascidos abaixo de 28 semanas de gestação, menores de 2 anos de idade portadores de algumas cardiopatias e algumas doenças pulmonares). Seu alto custo limita o uso em larga escala, por isso o governo brasileiro disponibiliza essa medicação somente para esses casos especiais.
Vacina Infuenza – Prevenir é sempre a melhor opção!
O Influenza é um dos vírus causadores da bronquiolite! Portanto, é recomendado a vacinação contra gripe anualmente para todas as crianças acima de 6 meses de idade. (As mutações virais são frequentes e consequentemente há uma mudança nas cepas das vacinas de gripe todos os anos). As vacinas da gripe com a CEPA 2017 já estão disponíveis nas clínicas particulares (Quadrivalente) e na rede pública (Trivalente).
Outros cuidados importantes para prevenção:
– Evitar aglomerados e lugares fechados;
– Lavagem constante das mãos;
– Uso frequente do álcool gel;
– Evitar contato com pessoas doentes.
Também é importante saber que muitas das crianças que apresentam bronquiolite ficam com os brônquios mais sensíveis e se tornam “bebês chiadores”, isto é, frente a algumas situações, como outros resfriados e mudanças climáticas, apresentam novamente episódios de chiado no peito. Isso tende a melhorar com o passar dos anos, mas algumas dessas crianças se tornam asmáticas.
O pediatra que acompanha a criança sempre deverá ser consultado!
Sobre o colunista
Dra. Renata Scatena
Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Título de Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
Pediatra e Intensivista, Dra Renata é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, com Residência Médica em Pediatria e especialização em Terapia Intensiva Pediátrica pela Universidade de São Paulo – HCFMUSP
Médica Assistente da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto de Oncologia Pediátrica / GRAACC/ UNIFESP
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Faz consultoria em amamentação e aleitamento materno.