Cardiopatias infantis

Durante os primeiros anos de vida das crianças, os pais começam a ter um monte de dúvidas sobre saúde. E questões relacionadas a cardiopatias precisam ser esclarecidas para nos sentirmos mais seguros e entendermos melhor o que se passa com nossos filhos, além de garantir um tratamento eficiente. A doutora Beatriz Furlanetto, cirurgiã cardíaca pediátrica dos hospitais Beneficência Portuguesa, Infantil Sabará e Santa Catarina, esclareceu algumas dúvidas sobre esse assunto.

 

SMPV – Quais são os problemas cardíacos mais comuns em crianças? Fale um pouco sobre elas, por favor.

 

Dra. Beatriz: Os problemas cardíacos mais comuns em crianças podem ser divididos em cardiopatias congênitas e as adquiridas. Dentre as cardiopatias congênitas mais frequentes estão a Comunicação Interventricular ou CIV, que é uma cardiopatia de fluxo pulmonar aumentado, o que causa insuficiência cardíaca e a Tetralogia de Fallot, que apresenta fluxo pulmonar diminuído e cianose, que é a cor azulada da pele. Existem outras cardiopatias que são mais graves e se apresentam no período neonatal como a Hipoplasia do Ventrículo Esquerdo e a Transposição das Grandes Artérias.

 

Qual é a diferença entre as cardiopatias congênitas e as cardiopatias adquiridas?

 

As cardiopatias congênitas são alterações estruturais do coração que ocorrem durante a gestação, e o bebe já apresenta essas alterações ao nascimento. Já as cardiopatias adquiridas, o bebê ou a criança nasce com o coração normal e a alteração ocorre posteriormente devido a uma doença. Um exemplo ainda bastante frequente em algumas regiões do Brasil é a Febre Reumática que acomete principalmente as válvulas do coração. Há também algumas viroses que causam lesões ao músculo do coração, são as chamadas miocardiopatias.

 

Quais são os sintomas e sinais que devemos nos preocupar?

 

Recomenda-se observar se a criança larga várias vezes o peito ou a mamadeira durante as mamadas, se respira com dificuldade e parece cansada, suor intenso, principalmente na cabeça, unhas e lábios com a cor azulada (roxinha), dificuldade para ganhar peso, inchaços, irritabilidade, palidez, respiração acelerada, com ou sem esforço, e facilidade de adquirir infecções pulmonares.

 

Quais são as causas de doenças cardíacas? Como podemos evitar? Podemos detectar na gestação?

 

Podemos citar: exposição durante a gestação a medicamentos teratogênicos e radiação, uso de drogas, alterações genéticas, diabetes gestacional, lúpus, doenças contagiosas adquiridas durante a gestação (toxoplasmose, rubéola). Apenas 15% das malformações cardíacas tem sua causa determinada. Em 85% dos casos não se identifica o motivo. Dessa maneira, em 85% das situações não há medidas preventivas.

A não-exposição a possíveis agressores (como exames radiológicos), certos medicamentos (como a Talidomida) e pessoas com infecções com potencial lesão ao feto (como a rubéola) são naturalmente medidas preventivas.

Na gestação: o acompanhamento médico por meio de pré-natal pode contribuir para o diagnóstico caso existam fatores que permitam a suspeita clínica de problemas cardíacos fetais ou o ultrassom morfológico suspeite de cardiopatia. Embora a doença cardíaca congênita esteja presente no nascimento, os sintomas podem não aparecer imediatamente. Alguns defeitos podem não causar problemas por muitos anos ou mesmo nunca se manifestar. Mas, alguns sinais podem indicar anomalias cardíacas e os pais devem procurar um médico imediatamente.

 

Existem exames específicos para diagnosticar cardiopatias?


 

Vale destacar o Ecocardiograma fetal, que pode ser feito durante a gestação. Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor. Desse modo, pode-se estabelecer com antecedência a conduta a ser tomada depois que o bebê nascer.

Outro teste pouco conhecido e que passou a integrar a triagem do Sistema Único de Saúde (SUS) em junho de 2014 é o “Teste do Coraçãozinho”, ou, Oximetria de pulso. O exame é capaz de detectar precocemente cardiopatias graves e diminuir o percentual de recém-nascidos que recebem alta sem o diagnóstico de problemas que podem levar ao óbito ainda no primeiro mês de vida.




Quais são os tratamentos?

 

Os tratamentos hoje possíveis são as cirurgias, os tratamentos intervencionistas e os medicamentosos.
 Cada diagnóstico tem um tratamento, por isso. o médico sempre deve ser envolvido. Algumas doenças cardíacas congênitas podem ser tratadas com medicação apenas. Outras precisam ser tratadas com uma ou mais cirurgias cardíacas ou procedimentos intervencionistas 


Sim, algumas cardiopatias tratadas proporcionam a cura do defeito, outras porém necessitam de acompanhamento contínuo e complementação com outros procedimentos cirúrgicos ou hemodinâmicos. Crianças que passaram por um tratamento e cirurgias podem levar uma vida normal. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores as chances.

Somos Mãeshttps://somosmaes.com.br/
A Somos Mães é uma ONG e uma empresa do setor 2,5 que nasceu em agosto de 2014. Com o objetivo de informar e acolher, produz conteúdo que impacta diariamente mais de 300 mil pessoas. Tem dois projetos incentivados pela Lei Rouanet.

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