Os palpites e a desinformação, principalmente na primeira gestação, são os principais problemas especialmente quando falamos do primeiro alimento do bebê, o leite materno.
A amamentação, além de primeiro e principal alimento para o bebê com sua importância nutricional, é o grande preparador dos órgãos fonoarticulatórios, afetividade e vínculo materno.
Estudos atuais nos mostram que nos primeiros anos de vida do bebê amamentar não é somente alimentar, todo este processo vai influenciar no comportamento alimentar da criança ao longo da sua vida. A primeira experiência alimentar tem que ser bem tranquila e natural para ensinar a criança desde cedo o prazer de se alimentar.
Bebês amamentados por livre demanda tendem a ter suas primeiras experiências alimentares com sucesso após 6 meses de vida. Como também ofertar os alimentos após 6 meses através de experiências sensoriais facilita e proporciona um momento agradável e prazeroso. As primeiras experiências alimentares podem influenciar nos hábitos alimentares no futuro.
Muitas vezes na trajetória materna/paterna acontecem interferências, que com ajuda de profissionais podem ser prevenidos e evitados. Neste momento, quando não se tem orientação adequada, abre-se uma janela para os palpites. A indução dos hábitos artificiais é um deles e acontece através das crenças e tradições que ainda são muito fortes em nossa rede de apoio, como familiares, babás e enfermeiras.
Vários motivos podem impedir uma mamada natural, desde o frênulo de lábios e lingual, bico do seio materno (a pega correta), a capacidade respiratória que influencia muito na força de sucção. Enfim, são muitos os motivos que impedem o sucesso da amamentação.
Estudos relatam que quase 90% dos casos que comprometem a amamentação são resolvidos com ajuda de profissionais habilitados. Nesta trajetória deve-se tomar cuidado com os palpites:
– seu leite é fraco
– você tem pouco leite
– dá a chupeta que o bebê acalma
– no meu tempo se dava uma mamadeira engrossada e o meu filho dormia a noite toda
– comprei uma mamadeira importada para o meu filho que é semelhante ao bico do seio, ele pegou na hora
– introduza a papinha logo para você ter mais sossego.
Mesmo com toda boa intenção, é através destas “supostas soluções” que ocorrerá o desmame.
O recém nascido tem facilidade de adaptar-se aos bicos artificiais antes de completar um mês de vida, isso ocorre porque a amamentação ainda não está estabelecida. O reflexo de sucção permanece por quase 4 meses, por isso o bebê suga os dedos, mão, qualquer objeto que toque a sua boca, mas nem sempre é fome.
O bebê, quando amamentado, consegue estabelecer um padrão de ingestão de leite de acordo com sua fome, mamando o suficiente, quando a amamentação está bem estabelecida. O bebê que mama bem na próxima mamada pode mamar menos, e isso não quer dizer que ele ficará com fome.
Temos que dar tempo para ajustes da amamentação estabelecendo um controle da ingestão do leite. O bebê estabelece a ingestão adequada sozinho.
Não podemos dizer o mesmo quando a mamadeira é introduzida. É intuitivo que, se é oferecido uma mamadeira de, por exemplo de 60ml ao bebê e ele mamar toda, na próxima aumenta-se o preparo para 80ml e assim sucessivamente, porque entende-se que ingerir tudo é sinal de ainda estar com fome. Normalmente crianças que fazem uso de mamadeira antes do 6 meses tendem ingerir mais que o necessário.
É claro que no fervor de uma noite mal dormida, seu filho chorando e suas mamas doendo, qualquer solução momentânea é bem vinda.
NÃO TOME ATITUDES PRECIPITADAS, algumas escolhas às vezes são desnecessárias e podem prejudicar o desenvolvimento natural do seu filho.
Não existe fórmulas, receitas prontas para amamentar e cuidar de um bebê, cada um tem seu tempo, ritmo, mesmo porque somos diferentes. Ser paciente é a palavra chave. Se preparar e se informar sobre o que possa surgir neste primeiro ano de vida é de fundamental importância. Com consciência se torna mais fácil sanar algum prejuízo que posso surgir.
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