O desenvolvimento do bebê começa desde a vida uterina, mas as grandes transformações ocorrem após o nascimento, onde aprende através das sensações que se manifestam em forma de movimentos gestuais. Tais gestos devem ser observados pela mãe para que ela aprenda a decodificar e transmitir a confiança necessária à criança, visando desenvolver e estabelecer a relação de afeto com seu filho nesta interação tão profunda.
Inicialmente a criança aprende através de sensações, percepções, repetições, e assim vai organizando seu psiquismo, para estruturar o pensamento. Já as sensações proprioceptivas , labirínticas, posturais, olfativas, visuais e auditivas são aquisições corporais que proporcionarão a formação posterior do “eu corporal”.
O equilíbrio entre corpo e mente é contínuo, logo, a criança sentirá em seu corpo uma resposta emocional. Por isso, para que o bebê desenvolva estas percepções em seu corpo e desenvolva o seu eixo corporal, será necessário que organize a sua percepção e noção corporal, de lateralidade, de espaço, de tempo, de ritmo, etc. Estímulos necessários na primeira infância.
Todos os estímulos serão possíveis se os pais ou cuidadores souberem identificar através do diálogo tônico* as expressões emocionais do bebê, que é a primeira forma de comunicação dele com o mundo para auxiliar em seu desenvolvimento.
Para que haja organização do tônus muscular o bebê precisa vivenciar e ser estimulado a experimentar movimentos, objetos e sensações. Reforçar sempre de forma positiva suas aquisições e, assim, corresponderá de forma positiva a construção de seu repertório motor e cognitivo através de suas emoções. Quando o bebê não recebe estímulos, ele se desorganiza internamente e corporalmente podendo gerar desequilíbrio entre os grupos musculares. Com isso, o bebê se sentirá mais inseguro e desconfortável, alterando sua percepção de corpo, o que pode gerar alterações m seu comportamento.
A estimulação relacional mãe-bebê facilitará, através de estratégias corporais e dos cuidados induzidos sobre o bebê, a comunicação e a interação do seu mundo externo e interno. E essa é a importância da mãe nessa construção, pois ela é que passa a segurança , autoconfiança, despertados pelos seus sistemas de vigilância e de reciprocidade.
Portanto, a mãe quando disponibiliza tempo para interagir com seu filho ao brincar, estimular, incentivar, irá beneficiar, e muito, a aquisição e equilíbrio corporal, sócio-emocional e construção do pensamento da criança. Assim, pode-se diminuir muito possíveis distúrbios comportamentais e de aprendizagem.
*diálogo tônico – percepção de prazer e desprazer que estruturam as relações afetivas. A reativação das nossas experiências sensórios motoras em presença de uma emoção no outro permite-nos uma certa compreensão do seu estado. Falar de diálogo tônico emocional implica falar de um processo de comunicação baseado no corpo e desejo como primeiro meio de fazer nascer e evoluir a comunicação. ( Rui Martins)