A autora dos best-sellers “A maternidade e o encontro com a própria sombra” e “O poder do discurso materno”, Laura Gutman, estará no Brasil, a convite do Somos Mães de Primeira Viagem, para palestra exclusiva dia 21 de maio. Conversamos com psicoterapeuta sobre alguns pontos importantes do seu trabalho. Confira um pouquinho do que poderá conferir no evento.
SMPV – Qual é a importância da sua vinda ao Brasil?
Laura Gutman – Para mim é importante o contato direto com o público, principalmente no Brasil onde se publicaram poucos livros de minha autoria. É uma boa oportunidade para explicar às mães – e a todo aquele que esteja disposto a participar do evento – a dimensão do meu trabalho e minhas propostas de indagação pessoal frente as preocupações cotidianas. Principalmente a importância do processo da Biografia Humana para compreendermos a nós mesmos, antes de pretender entender a realidade do outro, seja um filho, nosso companheiro ou quem seja.
O que te motivou a estudar e falar sobre maternidade?
Isso aconteceu há mais de 35 anos. Entendi desde que eu era criança, que se os adultos estão longe das vivências internas de cada criança e se não respondermos milimetricamente a suas necessidades genuínas, a civilização está perdida.
Qual é a importância de se autoconhecer para a criação dos filhos?
Acredito que é fundamental. Não é possível compreender nem acompanhar o outro, se não contamos com uma abordagem honesta e profunda de nós mesmos.
Como as mulheres devem lidar com a cobrança excessiva e os julgamentos que envolvem a maternidade?
Os julgamentos externos são externos. Não tem nada a ver com nossas decisões pessoais, a menos que estejamos distantes do nosso ser essencial e fiquemos vulneráveis frente as opiniões dos demais. Por isso, o que teríamos que revisar é a importância que damos às opiniões e crenças dos demais, no lugar de escutar nossas próprias intuições e sabedorias pessoais.
Você disse, certa vez, que trabalhar fora não diminui a maternidade. Uma mãe que passa 10 horas do dia longe do filho não estaria ausente mesmo tentando “compensar” o pouco tempo com o filho com dedicação de qualidade?
O problema não é a quantidade de horas que uma mãe trabalha. O único problema é se essa criança sente sua mãe distante emocionalmente. Se não conta afetivamente com a compaixão materna e se não “se sente sentido”. Não é uma questão de quantidade de horas, é uma questão de fusão emocional. Agora veja, as mães não terão maior conexão emocional se se esforçarem, somente se compreenderem as razões pelas quais dedicam sua vida a se distanciarem emocionalmente de si mesmas. Essas razões estão baseadas nas infâncias que essas mães viveram.
Com o forte vínculo entre mãe e bebê estabelecido, o marido não perde espaço?
Esta questão merece uma resposta muito longa e poderei responder em São Paulo frente ao público. Se há um homem, sua função não é obter reconhecimento e conforto, e, sim, sustentar um vínculo íntimo entre a mãe e o bebê. Mas para isso precisamos nos converter em adultos maduros.
Em relação a adoção, o vínculo entre mãe e filho é (ou pode ser) o mesmo estabelecido entre pais e filhos biológicos?
Sim, claro. Se as mães que adotam possuem sua capacidade de amar desenvolvida, não importa se o filho é biológico ou adotivo.
Como perdoar nossas mães pelo discurso que nos foi imposto?
Não importa nada perdoar ou não perdoar. O que temos que fazer é entender os cenários completos. As lógicas completas. Quando entendemos isso, não há nada que perdoar, não há nada que esperar, o que sabemos é que se queremos gerar uma mudança, depende de cada um de nós.
No Brasil o trabalho de Laura Gutman começa a ser desenvolvido através de Louise Donadel, única brasileira habilitada a praticar o método Biografia Humana. Louise foi aluna de Laura Gutman em Buenos Aires e conta com a supervisão direta da psicoterapeuta. Você se interessou? Conheça mais: https://www.biografiahumana.com.br/