Psicóloga explica o que os responsáveis devem fazer quando a criança passa a ser vítima de agressão no âmbito escolar
Seja em escola pública ou particular e até mesmo na universidade, o bullying ainda é muito presente, o que afeta a vida de vários jovens e adolescentes. Porém, quem é vítima deste tipo de agressão, nem sempre demonstra sinais e isso faz com que o sofrimento do filho passe despercebido aos olhos dos pais ou responsáveis.
Segundo a professora do curso de Psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG, Fernanda Prux Susin, a criança pode ficar em silêncio em temer vingança por parte de quem realiza o bullying, já que elas pensam que o agressor pode fazer algo ainda pior, além do receio de causar preocupação ou decepção aos pais e responsáveis. “O silêncio também pode ocorrer por vergonha, pois a vítima acaba se sentido envergonhada pela situação que está passando, e por este motivo fica em silêncio. Elas também acreditam que ninguém vai conseguir prestar um auxílio”, explica.
Para Fernanda, o bullying se caracteriza por uma prática sistemática e repetitiva de agressão física ou psicológica por parte de um indivíduo, ou grupo, em direção a uma determinada vítima. “Vale ressaltar que para ser considerado bullying, a agressão deve ser recorrente, e geralmente ocorre com mais frequência no ambiente escolar, lembrando que a violência pode se manifestar em forma de agressão física ou verbal, como intimidação, humilhação ou xingamentos”, esclarece.
Para saber se a criança está sofrendo bullying, é importante entender que cada um pode apresentar sinais peculiares, por exemplo: um filho que sempre gostou de ir para a escola, passa a não querer mais comparecer. “É necessário ficar atento a sinais como: desinteresse pela escola, tristeza e choro sem um motivo aparente, baixa autoestima, irritabilidade, agressividade, queixas de dores de cabeça ou outras dores, queda do desempenho escolar, entre outros. Podemos falar de sinais que podem ser mais visíveis como o material escolar e uniforme danificado, além de marcas de agressões no corpo”, salienta.
“Crianças vítimas de bullying podem desenvolver sequelas na vida adulta, visto que qualquer tipo de violência deixa marcas. Baixa autoestima, insegurança, dúvida quanto a suas capacidades, dificuldade nas relações interpessoais e afetivas, agressividade, entre outros, são apenas alguns problemas que a criança pode levar para o resto da vida se não receber ajuda”.
Fernanda explica que é importante os pais conversarem com o filho, mantendo sempre o diálogo aberto, além de perguntar também sobre o que ocorre na escola. “Procure ter contato com a comunidade escolar, professores, grupo de pais e até mesmo colegas do filho”, orienta.
No caso do agressor, a professora do curso de Psicologia da FSG salienta que ambientes familiares hostis, agressivos e com falta de diálogo, podem favorecer para que o filho pratique bullying, porém não se pode afirmar que esta é a única causa para a prática da violência. “Geralmente na prática do bullying existe um líder ou agressor dominante, e outros colegas acabam integrando esse grupo, muitas vezes, em busca de pertencimento, mas não possuem um histórico de agressão ou mesmo lares hostis”, reforça.
Além do bullying, existe também o cyberbullying, que é um tipo de violência que ocorre mesmo que as crianças e adolescentes não estejam na escola, sendo assim, a agressão acaba se perpetuando nos horários em que as vítimas não estão no ambiente escolar.
Por fim, Fernanda reforça que conversar com a criança ou adolescente, procurando acolher e entender o que está acontecendo, sem julgamentos ou punições, é o melhor caminho. “Caso seja necessário, procure ajuda profissional para o seu filho enviando ao atendimento psicoterápico, desta forma ele terá todo o suporte necessário para lidar com o trauma”, finaliza.