O que essa agressão pode causar à vida da criança?
Bullying é uma forma de agressão verbal ou física repetitivas contra uma ou mais pessoas. A palavra bullying tem origem inglesa e significa valentão em tradução livre. Esse tipo de agressão é muito comum em ambientes escolares onde um aluno ou grupo começam a humilhar, ofender e em alguns casos a agredir fisicamente pessoas que são alvos de sua escolha.
Há duas categorias em que podemos dividir o bullying: a direta e a indireta. O bullying direto geralmente é praticado por meninos e o indireto é mais disseminado por meninas e crianças. O indireto tem como característica forte o isolamento da vítima das agressões.
Mas como diferenciar o bullying de uma brincadeira? A psicoterapeuta junguiana Paloma Vilhena nos explicou como podemos fazer essa distinção: “O bullying é agredir ou humilhar, verbalmente ou fisicamente, de forma intencional e constante. É diferente de uma brincadeira, onde o outro ri com você e não de você, provocando constrangimento. Brincadeira é para ser divertido, o bullying não é uma piada e provoca sofrimento.”.
O perfil do agressor apresenta alguns pontos, como estrutura familiar desestruturada e pouca empatia. O seu alvo costuma ser pessoas pouco sociáveis, vulneráveis a sofrerem esse tipo de ataque sem revidar e com insegurança mais aflorada.
Esse tipo de agressão pode ocorrer em qualquer ambiente social, seja na escola, faculdade, trabalho, família ou até vizinhança. E nas escolas é ainda mais comum ter situações como essa. É caracterizado como bullying, o simples ato de colocar um apelidinho que ressalta alguma característica física do amigo.
As vítimas do bullying são a maior preocupação nessa situação toda, pois sempre se calam e se isolam. Algumas pessoas chegam a apresentar quadros de medo e ansiedade. Um adulto que sofreu esse tipo de humilhação na infância pode passar a fase adulta com baixa autoestima e sentimentos negativos, além disso, as relações futuras também podem ser afetadas. “As crianças muitas vezes não conseguem expressar verbalmente o que está acontecendo, ou tem medo e vergonha de falar para os adultos, mas sempre dão sinais de quando algo não está bem. Crianças que sofrem bullying podem recusar-se a ir para a escola, apresentarem medo ou ansiedade, queda no rendimento escolar, dificuldade para dormir, isolamento e até problemas de saúde. De forma geral, a criança age de forma diferente do que costuma agir.”, explica Paloma.
O diálogo dentro de casa é sempre importante e quando se trata de crianças que sofrem esse tipo de agressão é essencial: “Converse com o seu filho(a), pontue as mudanças de comportamento dele(a) e a sua preocupação. Fale e ouça de forma afetiva e deixe claro que quer ajudá-lo. Nos casos de bullying, é importante que os pais tomem uma atitude em conjunto com a escola ou outros pais, e sem fazer acusações.”, conclui Paloma.
Medidas precisam ser tomadas junto a escola também, para que o bem-estar de todos seja preservado: “Entenda o que aconteceu e ouça o máximo de pessoas possíveis. Pergunte quais são as estratégias que a escola utiliza nessas situações. Os pais e a escola devem se unir pelo bem-estar das crianças envolvidas e pensar junto em como aproveitar essas situações para o aprendizado. Nem sempre o seu filho sofreu as agressões, ele pode ser a criança que testemunhou ou que praticou o bullying. Em todos os casos, é necessária uma intervenção, pois todos são afetados. Se necessário, procure ajuda de um(a) psicólogo(a) que pode atender a criança e/ou orientar os pais ou a escola.”, explica a psicoterapeuta.
Paloma alerta os pais sobre as atitudes que deverão ser tomadas a partir do momento que eles identificam que o filho está sofrendo bullying: “Mantenha sempre uma abertura para o diálogo com seus filhos. É comum a criança contar aos pais e estes perguntarem o que o filho fez para acontecer isso. Essa é uma atitude que fecha o diálogo, e atribui a culpa à criança que sofreu o bullying. Escute o seu filho sem julgá-lo, fale que ele não está sozinho e que você vai ajudá-lo nessa situação.”. Se colocar no lugar do seu filho que está lidando com essa situação é muito importante e não julgá-lo, já que não é culpa dele. De acordo com a especialista, para nós, adultos, pode parecer bobagem, mas com certeza, o sentimento dos nossos filhos é muito importante e deve ser legitimado.
A orientação não é só para quem sofre a agressão, é importante os pais educarem os filhos para que eles não se tornem agressores. A reflexão sobre a educação que a criança recebe dentro de casa é sempre muito importante: “É necessário fazer um trabalho preventivo com as crianças, ensinando desde pequenos que o que fazemos afeta as outras pessoas e que todos merecem respeito. Aproveite para refletir sobre o tipo de educação que você oferece em casa. Você quer que ele (a) aprenda a se defender devolvendo na mesma moeda? Quais exemplos ele (a) tem em casa sobre resolução de conflitos? Existe espaço para o diálogo na sua família?”, conclui Paloma.
Em estudos recentes sobre o bullying no Brasil constatou que esse tipo de agressão é comum entre alunos de 5ª e 6ª série. E as cidades com mais incidência desse tipo de situação é Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. O bullying é muito presente e pode sim estar perto de nós, então, fiquemos atentos para que não afete nossos filhos.