Esses dados mostram como é imperativo falarmos mais sobre saúde mental materna. Muitas mulheres ainda sofrem em silêncio por não se sentirem seguras e acolhidas para falar de suas dificuldades com a maternidade, muitas vezes demorando em buscar ajuda profissional e tratamento adequado, por medo de julgamentos.
A depressão perinatal (antes denominada depressão pós-parto) é um transtorno depressivo que pode começar já na gestação (cerca de 50% dos episódios) e ter continuidade no puerpério, ou se iniciar no puerpério. Ela é classificada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) como Depressão Maior com especificador no periparto, e apresenta os mesmos sintomas de uma depressão em qualquer fase da vida. No entanto, a depressão perinatal envolve, frequentemente, sentimentos ligados aos desafios da maternidade e dos cuidados com o bebê.
Na depressão perinatal, alguns dos sintomas característicos são o medo excessivo de prejudicar o bebê, sentimentos de culpa e desamparo, alta irritabilidade e impaciência, tristeza constante e persistente, além de grande esforço para realizar atividades da rotina e cuidados com o bebê. O sono dessa mulher pode apresentar alterações, sendo comum ter dificuldade para dormir mesmo quando é possível fazer isso. Também existe um sentimento de esgotamento e sobrecarga persistente.
Ela é uma doença multifatorial, e deve ser levado em conta as alterações hormonais causadas pela gestação e pós-parto, histórico de depressão anterior, além de cansaço, privação de sono, instabilidade conjugal, falta de suporte social adequado, que são alguns dos principais fatores de risco para o surgimento da depressão perinatal.
Altas expectativas e crenças de como a maternidade deveria ser podem contribuir para o aparecimento de adoecimentos mentais na mulher. Ainda vemos a propagação de uma visão romantizada a respeito da maternidade pela sociedade, que espera que a mulher seja “a mãe perfeita”, precisando sacrificar seu bem-estar, desejos e aspirações em favor da criação dos filhos.
A família é fundamental nesse período, pois ela pode ficar atenta aos primeiros sinais de alterações de humor dessa mãe e favorecer a busca de ajuda com um profissional da saúde mental (psicólogo ou psiquiatra). Quanto antes essa mulher receber o diagnóstico e tratamento adequado, melhor será o seu prognóstico.
Quando falamos em transtornos mentais, não existe cura, mas sim uma remissão dos sintomas e retomada da qualidade de vida.
É possível prevenir a Depressão Perinatal?
O desenvolvimento de transtornos mentais é multifatorial, então algumas práticas contribuem para uma melhor qualidade de vida e podem atuar como fatores protetivos contra a depressão no período gestacional e no puerpério, como:
– Fazer o acompanhamento de Pré-natal Psicológico, já que ele promove saúde mental para a gestante, e atua como forma de rastreio, diagnóstico e prevenção para adoecimentos mentais possíveis de acontecer ciclo gravídico-puerperal;
– Prática de atividade física regular;
– Alimentação saudável;
– Ter um sono de qualidade;
– Ter rede de apoio, com familiares, amigos e profissionais de confiança;
– Manter momentos de autocuidado e lazer.
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