Trombofilia: por que mulheres continuam perdendo bebês sem saber que têm essa condição silenciosa?

Especialistas alertam: o problema é comum, pouco investigado e pode ser a causa de abortos de repetição

A atriz Mariana Rios compartilhou recentemente que foi diagnosticada com trombofilia adquirida, condição que descobriu ao investigar a dificuldade para engravidar. O relato trouxe à tona um tema que, apesar de pouco discutido fora dos consultórios médicos, tem grande impacto na vida de muitas mulheres que sonham com a maternidade.
 

A trombofilia é uma tendência aumentada à formação de coágulos no sangue — os chamados trombos — que pode ser hereditária ou adquirida. “Durante a gestação, o organismo feminino já apresenta naturalmente um maior risco de coagulação. Quando há trombofilia associada, esse risco se intensifica, podendo comprometer a circulação placentária e levar a complicações como aborto, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento fetal e até óbito do bebê”, explica a ginecologista Dra. Graziela Canheo, especialista em reprodução humana da La Vita Clinic.
 

Segundo a Dra. Paula Fettback, ginecologista e especialista em reprodução humana pela Febrasgo, a trombofilia pode interferir diretamente na placentação, processo essencial para o desenvolvimento do bebê. “Ela pode formar microtrombos nos vasos da placenta, gerando abortamentos espontâneos, insuficiência placentária e outros riscos graves tanto para a mãe quanto para o feto.”
 

Apesar da repercussão do caso de Mariana, especialistas alertam que nem todas as mulheres que desejam engravidar precisam ser testadas. “O diagnóstico da trombofilia é feito por exames de sangue específicos, indicados principalmente quando há histórico de abortos de repetição, tromboses, pré-eclâmpsia ou restrição de crescimento fetal”, orienta a Dra. Natália Castro, ginecologista e obstetra pela Febrasgo.
 

Já a Dra. Paula explica que, em sua prática voltada à infertilidade e gestação de alto risco, opta por solicitar os exames mesmo antes dos tratamentos. “Esse olhar mais preventivo faz toda a diferença no desfecho das gestações.”
 

Dá para engravidar mesmo com o diagnóstico?
 

Sim! Ter trombofilia não é uma sentença contra a gravidez, desde que a mulher tenha um bom acompanhamento médico. “O tratamento pode incluir o uso de anticoagulantes como a heparina de baixo peso molecular e, em alguns casos, ácido acetilsalicílico (AAS). Essas medicações ajudam a prevenir a formação dos coágulos e permitem que a gestação siga normalmente”, explica Dra. Graziela.
 

O mais importante é que esse acompanhamento comece antes da gestação, com planejamento pré-concepcional adequado. “Fazer o diagnóstico no momento certo pode evitar perdas gestacionais e garantir uma gravidez saudável até o parto”, completa Dra. Natália.
 

A história de Mariana Rios reforça a importância da escuta ao corpo, da busca por respostas e do acompanhamento com profissionais especializados. “A trombofilia é responsável por um número significativo de abortos de repetição. Saber que ela existe, diagnosticar no momento adequado e tratar de forma individualizada é fundamental para proteger a mulher e seu futuro bebê”, finaliza Dra. Paula Fettback.

Somos Mãeshttps://somosmaes.com.br/
A Somos Mães é uma ONG e uma empresa do setor 2,5 que nasceu em agosto de 2014. Com o objetivo de informar e acolher, produz conteúdo que impacta diariamente mais de 300 mil pessoas. Tem dois projetos incentivados pela Lei Rouanet.

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