A travessia de um câncer de mama pode ser um processo doloroso, árduo, cansativo, que demanda muita força de vontade e coragem. Para algumas mulheres, é uma doença que chega mais tarde, após os 40 anos. Mas para outras, pode chegar antes mesmo dos 30 e, às vezes, justamente quando ainda não construíram suas famílias. É comum que tudo ocorra muito rápido e, no processo de tratamento, não dê tempo de pensar no sonho de ser mãe.
Sabemos que,quando as mulheres descobrem o câncer em sua fase inicial, as chances de cura são de 95%. Porém, a quimioterapia, muito comum no tratamento da doença, pode deixar marcas pelo resto da vida, como a infertilidade.
Doação de óvulos
Mas a mulher que enfrentou um câncer aprendeu a lutar. E, sobretudo, aprendeu a não desistir. E não desistir é saber que a infertilidade é relativa quando se trata dos avanços da medicina.
Hoje, um ato de amor de uma mulher saudável pode oferecer esperança a quem já superou diversos obstáculos na vida e está disposta a encarar um novo desafio, como a maternidade. Estamos falando da doação de óvulos, que é literalmente doação de vida!
Compartilhando
Após a cura do câncer, a reprodução assistida oferece uma nova chance à mulher que ainda sonha com a maternidade. No Brasil, são permitidas as doações voluntária e compartilhada. Nesse último caso ocorre quando uma mulher, que já está em tratamento de reprodução assistida, mas não tem condições de continuar arcando com as despesas, cede parte de seus óvulos. Em contrapartida, metade do seu tratamento é pago por quem os recebe.
Mesmo sem conhecer uma à outra, porque o processo de doação é anônimo, ambas se acolhem e compartilham do sentimento de solidariedade.Nesse caso, para a mulher que recebe, pode ser a última chance de gerar um bebê no próprio ventre.
Fertilização in Vitro
Tudo acontece por meio da Fertilização In Vitro, com o óvulo doado e o esperma do parceiro (ou de um banco de sémen). Quando o processo ocorre perfeitamente, a nova mãe começa uma nova etapa: a espera pelo nascimento. É nesse período que ocorrem trocas sinestésicas com o bebê. Embora ele não tenha o material genético da mãe, ambos estão ligados pelo mesmo sangue e passam pelas mesmas sensações e sentimentos.
Dessa forma, o nascimento de uma criança em uma família que tudo suportou, durante meses ou anos de tratamento contra a segunda doença que mais afeta as mulheres no mundo, é o milagre da vida. É a materialização do sonho e da esperança. É a capacidade de dizer: “eu venci o câncer e realizei o sonho de ser mãe”.
Cláudia Navarro
Especialista em Reprodução Assistida