Para além da maternidade: quando o congelamento de óvulos é recomendado por questões médicas

Especialista do FertGroup aponta que a técnica de preservação da fertilidade é indicada em diferentes contextos médicos e pode garantir a possibilidade de gestação no futuro.

O congelamento de óvulos tem ganhado espaço não apenas entre mulheres que desejam adiar a maternidade, mas também como ferramenta médica estratégica. Com o avanço das pesquisas e a ampliação do acesso, o procedimento passou a ser indicado em situações clínicas nas quais a função ovariana corre risco de ser prejudicada de forma irreversível.

Muito associado ao adiamento da maternidade por razões pessoais, o congelamento de óvulos foi criado, inicialmente,  como um recurso essencial em cenários médicos delicados. “Quando a paciente enfrenta situações capazes de comprometer sua reserva ovariana, como alguns tratamentos de câncer, endometriose e outras doenças, a preservação dos óvulos se torna uma medida urgente para garantir a possibilidade de engravidar mais tarde”, explica a Dra. Michelle Nagai , especialista em reprodução assistida do FertGroup.

Câncer e tratamentos oncológicos

Segundo um estudo publicado no Journal of Gynecologic Oncology, entre as principais indicações estão os casos de câncer. Quimioterapia e radioterapia são conhecidas pelo potencial de danificar os ovários, levando à infertilidade. Por isso, especialistas recomendam que mulheres em idade fértil realizem a criopreservação de óvulos antes do início do tratamento, em um prazo de até três semanas após o diagnóstico.

Os estudos indicam que a taxa de sobrevivência dos óvulos após congelamento chega a 90–95% em mulheres com menos de 35 anos, com taxas de gravidez em torno de 40 a 50% nessa faixa etária.

Doenças autoimunes

Condições como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla podem impactar a fertilidade, tanto pela doença quanto pelos tratamentos imunossupressores. Um levantamento da CoFertility revela que mulheres com lúpus têm risco significativamente maior de diminuição da reserva ovariana, 42,2% contra apenas 10,8% na população geral, além de produzirem menos embriões viáveis mesmo quando estão em remissão.

“Em casos de doenças autoimunes, avaliamos com cautela o momento de estimular os ovários para não colocar a saúde da paciente em risco. A decisão é sempre multidisciplinar, envolvendo áreas médicas para além da ginecologia”, reforça a Dra. Michelle Nagai.

Endometriose avançada

Outra condição que pode levar à perda precoce da fertilidade é a endometriose. Diretrizes do Journal of Gynecologic Oncology recomendam a preservação de óvulos em mulheres com endometriomas bilaterais superiores a 3 cm ou em casos de recorrência unilateral, especialmente antes de cirurgias que possam reduzir ainda mais a reserva ovariana.

“Não se trata apenas de maternidade: é sobre dar à mulher autonomia sobre o próprio corpo e escolhas reprodutivas,  principalmente em casos como esse, onde muitas vezes temos que pensar sobre a fertilidade em idades ainda mais jovens ‘acrescenta a especialista.

Alterações genéticas

O Journal of Gynecologic Oncology também aponta o congelamento de óvulos como uma alternativa para mulheres portadoras de alterações genéticas associadas à insuficiência ovariana precoce, como a pré-mutação do gene FMR1 (síndrome do X Frágil), síndrome de Turner e galactosemia. Nesses casos, a recomendação é considerar a criopreservação ainda jovem, antes que a função ovariana seja irreversivelmente comprometida.

Uma decisão que vai além do futuro reprodutivo

Mais do que planejar a maternidade, o congelamento de óvulos representa a chance de manter viva a possibilidade de escolha para pacientes que enfrentam condições médicas graves. “Nosso papel é garantir que a mulher não perca a oportunidade de pensar em maternidade,  quando , de fato, se sentir pronta. Em muitos casos, esse é um gesto de esperança para o futuro”.

Além do aspecto emocional, a preservação dos óvulos também tem impacto direto na qualidade de vida das pacientes. N que existe a possibilidade de engravidar no futuro traz segurança e reduz a ansiedade diante de tratamentos complexos, reforçando a importância de discutir a preservação da fertilidade como parte do cuidado médico integral.

“O impacto psicológico da preservação da fertilidade é enorme, trazendo alívio e esperança em momentos de grande estresse médico”, finaliza a médica.


Sobre o FertGroup 

O FertGroup é o maior grupo especializado em reprodução humana do Brasil, reunindo clínicas de excelência em diversas regiões do país. Com uma abordagem que une ciência, inovação e acolhimento, o grupo oferece soluções completas em medicina reprodutiva para quem deseja realizar o sonho da maternidade ou paternidade. Desde sua criação em 2023, o FertGroup tem como propósito ampliar o acesso à saúde reprodutiva com qualidade, promovendo educação científica, tratamentos acessíveis e alternativas seguras para o planejamento familiar.

Somos Mãeshttps://somosmaes.com.br/
A Somos Mães é uma ONG e uma empresa do setor 2,5 que nasceu em agosto de 2014. Com o objetivo de informar e acolher, produz conteúdo que impacta diariamente mais de 300 mil pessoas. Tem dois projetos incentivados pela Lei Rouanet.

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