Diagnóstico precoce e o monitoramento contínuo são essenciais para evitar complicações e preservar a qualidade de vida dos jovens afetados pelo diabetes tipo 2
Nas últimas décadas, observou-se um crescimento alarmante da incidência de diabetes tipo 2 entre crianças e adolescentes globalmente, com os casos praticamente dobrando em várias regiões. Segundo a International Diabetes Federation (IDF), a prevalência mundial de diabetes tipo 2 nessa população aumentou significativamente, devido a fatores como sedentarismo, alimentação inadequada e o avanço da obesidade infantil, considerada uma das principais preocupações de saúde pública.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estima que mais de 20 milhões de pessoas convivem com o diabetes, incluindo um contingente crescente de crianças e adolescentes. Dados do estudo ERICA mostraram prevalência de diabetes tipo 2 de 3,3% entre adolescentes brasileiros de áreas urbanas. Em algumas regiões do país, essa prevalência pode chegar a 9,2%, com os maiores índices no Sudeste. Um estudo global de 2023, publicado no JAMA, revelou um aumento de quase 40% na incidência de diabetes tipo 2 entre jovens.
Entre crianças e adolescentes, o atraso na detecção é especialmente alarmante, pois o diabetes não tratado pode resultar em complicações, de ocorrência mais precoce (como renais ou oftalmológicas) ao longo de todo o acompanhamento clínico. Revisões sistemáticas publicadas em revistas como Diabetes Care e The Lancet reforçam a importância da identificação rápida, especialmente na ausência de sintomas evidentes nos estágios iniciais.
Segundo especialistas, exames preventivos, como glicemia em jejum, hemoglobina glicada (HbA1c) ou, quando indicado, o teste de tolerância à glicose oral, são fundamentais para o diagnóstico precoce. Estes exames facilitam o diagnóstico e as intervenções médicas assertivas e personalizadas, fundamentais para o cuidado do paciente e para a saúde pública.
A falta de sintomas evidentes nos estágios iniciais pode atrasar a descoberta do DM2 em jovens, mas exames simples estão disponíveis para o diagnóstico correto. E, seguidos de um bom plano de tratamento, facilitam que objetivos relacionados a hábitos alimentares e estilo de vida, e a um ótimo controle da glicemia, sem grande variabilidade e com HbA1c na meta para a faixa etária, sejam alcançados durante o acompanhamento dos pacientes com DM2.” Destaca o Dr. Adriano Cury, médico endocrinologista do Alta Diagnósticos.
A resposta à epidemia de diabetes em crianças e adolescentes exige a mobilização de políticas públicas, educação em saúde, promoção de hábitos saudáveis e acesso facilitado à avaliação médica. O controle rigoroso, quando iniciado precocemente, permite evitar complicações, melhorar a qualidade de vida e conferir segurança ao paciente durante o seu tratamento.
Referência Bibliográficas
- Telo GH, et al. Prevalence of type 2 diabetes among adolescents in Brazil: findings from Study of Cardiovascular Risk in Adolescents (ERICA). Pediatr Diabetes. 2019;20(4):451-458.
- Perng W et al. Youth-Onset Type 2 Diabetes: The Epidemiology of an Evolving Public Health Crisis. Diabetes Care. 2023;46(7):e67-e77.
- Jia ILJ, et al. Type 2 diabetes in children and adolescents: Challenges and solutions. Diabetes Research and Clinical Practice. 2024.
- Rising tide: The global surge of type 2 diabetes in children and adolescents. World Journal of Diabetes. 2024.
- Global, Regional, and National Epidemiology of Diabetes in Children and Adolescents. JAMA Network. 2023.
- The Rise of Type 2 Diabetes in Children and Adolescents: An Emerging Public Health Crisis. Wiley. 2024.


